terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sampa vai parar porque parou


O trânsito de São Paulo está cada vez mais insuportável.
Quando chove, então, vai-se paciência. Chuva, para mim, virou um aviso dos céus: Não saia de casa. Acaterei.
Além do intolerável fato das pessoas perderem muitas horas de seu dia paradas nestes engarrafamentos que já se tornaram um dos símbolos de Sampa, há outros problemas gravíssimos que ressaltarei.
A poluição que os infinitos carros soltam, parados, por horas e horas.
O barulho das buzinas dos moto-boys. Isso é uma coisa que tem que ser observada. Você olha em seu espelho lateral do veículo e vê aquela fila interminável de motos avançando e todos passam buzinado. A poluição sonora disto é tremenda.
A melhoria e extensão do transporte público é a alternativa mais eficaz para que as pessoas deixem de usar seus automóveis.
Caronas. Sempre foram e sempre serão bem-vindas.
Não vejo solução imediata para o trânsito de Sampa.


Aproveito as horas diárias no trânsito ao lado de meu rádio.
Ah, não fosse o rádio!

Está tocando nas rádios as músicas do show de Roberto e Caetano em homenagem a Tom e, obviamente, a bossa nova.
A junção de duas personalidades tão importantes para a música brasileira chega a me emocionar.
Li nos jornais artigos comparando a interpretação dos dois músicos, como se ali estivesse havendo algum tipo de disputa, para ver quem canta mais e melhor.
A imprensa não cansa de me decepcionar.
Quanta bobagem.
Só o fato dos dois estarem dividindo o mesmo palco já é uma coisa extremamente significativa, pois, sobre aquele palco, está grande parte da história de nossa música.
Fã inconteste de ambos, cada qual de seu modo, ouço e delicio-me da junção Roberto/Caetano/Tom. Resultado extraordinário, não poderia deixar de ser.
Aliás, poderia haver um show da dupla novamente, só que desta vez apenas com canções de autoria deles. Lindo deve ser os dois cantando juntos “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, de Roberto e Erasmo, composta em homenagem ao Caetano, quando este encontrava-se exilado, em um mundo tão distante, entende-se, por aí, a cidade de Londres.
Caetano é sem dúvida uma figura ímpar de nossa história. Caetano poeta, compositor, músico, artista. Gênio, incomparável, único e inalcançável.
Se Caetano compusesse hoje “Sampa”, teria a música os mesmos versos?
Sugeriria ao Caetano a inclusão de trânsito na letra.
Ou na introdução da música uns barulhos de buzina. De moto, diga-se.
Claro que não é do direito de ninguém, nem mesmo de Caetano, encostar o dedo em uma obra-prima da música brasileira, canção linda e símbolo maior de Sampa.
Roberto canta muito!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Anos Dourados

Desde pequeno, meu pai sempre comentava para mim:
“A música é muito mais linda.”
Expressava, assim, sua opinião a respeito da música “Anos Dourados”, de Tom e Chico.
Lembro claramente.
Meu pai sempre achou a música de Tom maravilhosa. Gostava da letra do Chico, mas a música lhe emocionava demasiadamente.
Recordo destes momentos porque escutei hoje no rádio “Anos Dourados”, instrumentalmente interpretada por uma orquestra. De arrepiar.
Certa vez, li em um artigo escrito por Chico Buarque que “um acorde do Tom, é como se abrisse uma janela”.
A sensibilidade musical do maestro são daquelas coisas que só o dom mesmo. Reconhecia a espécie de pássaro pelo canto entoado. Para ele, muitas vezes o silêncio sussurrava extremamente alto. Tom sabia os acordes do silêncio.
As músicas de Tom Jobim, na opinião deste blogueiro, são as mais lindas da música popular brasileira.
E quem disse que Tom é apenas compositor de melodias?
O maestro fez letras estupendas, como “Águas de Março”, “Luiza”, “Ana Luisa”, “Lígia”... Podemos considera-lo um poeta de mão cheia. De notas e versos. Afinal, dê que podemos adjetivar “Águas de Março”?
Fico ao lado de meu pai.
A letra de Anos Dourados é linda.
Mas a música de Tom é extraordinária.
Uma de suas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

domingo, 30 de novembro de 2008

A vi usando chapéu.
Devido a isso, pensei, ela chamou minha atenção.
Mesmo tendo um rosto limpo, cabelos lisos e movimentação contagiante na nossa área comum.
Mas ela tirou o chapéu.
E o rosto dela tornou-se ainda mais limpo, seus cabelos ganharam mais linhas e sua movimentação acabou por atrair ainda mais minha atenção.
Aquele chapéu fazia era esconder sua graça.
Após tira-lo, pude ver que realmente era bonita.





Falando em coisa bonita e cheia de graça, ontem, dia 29, a TV Globo passou mais um ótimo programa em péssimo horário, o Som Brasil.
O homenageado da vez foi o nosso saudoso Antonio Carlos Brasileiro Jobim. O Tom Jobim. Ou simplesmente Tomzinho, como Vinicius se referia ao maestro.
Depois escrevo um texto aqui falando apenas de Tom.
A respeito do programa, não posso comentar.
Por que?
Se manifeste quem suporta esperar um programa que inicia após o término do programa de Jô Soares.
Assistirei assim como o Som Brasil de Djavan, Gonzaguinha, Vinicius e Noel, gravados pelo querido Victor.
O horário bom da Globo passa novelas.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Bem, Amigos!


Quando Galvão Bueno, da Rede Globo de Televisão, durante a transmissão de uma partida de futebol da seleção brasileira, narra friamente uma troca de passes globalizada, é de partir o coração. No último amistoso da equipe, contra o time de Portugal, mais uma vez Galvão explicitou a falta de identidade que nós, que vivemos no Brasil, temos para com a nossa seleção. Reproduzo, aqui, o trecho que me inquietou durante a transmissão do jogo:
“Maicon, jogador da Inter de Milão, da Itália, passa a bola para Anderson, que atua no Manchester United, da Inglaterra, que agora toca para Kaká, astro do Milan, da Itália, é um time repleto de estrelas!”
Achei interessante porque não é a primeira vez que ouço essa descrição globalizada de uma troca de passes por Galvão Bueno. Se vocês repararem, todo jogo do Brasil ele faz isso. O que interessa, para um torcedor são paulino, flamenguista ou cruzeirense, se o fulano joga no Milan, ou beltrano atua no Barcelona? Eles estão defendendo o nosso país.
A falta de interesse cada vez maior dos torcedores brasileiros com a seleção, muito se deve pelo fato de que praticamente todos os jogadores convocados atuarem fora do país. Um dos atrativos para os brasileiros, durante as partidas do Brasil, é ver o jogador do seu clube que foi convocado atuar. Claro que não é só isso, mas isso também esfria os ânimos.
Há muito tempo a globalização econômica e cultural atingiu o futebol. Cada vez menos ídolos se tornam em clubes nacionais. Uma temporada mediana em terras tupiniquins já é o suficiente para o jogador expandir o talento brasileiro em proporção mundial.
Discussões acerca da nossa seleção sempre hão de existir. Sendo ela campeã da copa, ou perdendo jogos teoricamente simples em casa, a paixão do torcedor sempre falará mais alto. Mas eu, um torcedor apaixonado como qualquer outro, me sinto no direito de sentir uma punhalada no peito, ao saber que hoje “Carlos Alberto Torres seria jogador da Inter de Milão, da Itália, Gérson atuaria no Manchester United, da Inglaterra e Pelé, seria astro do Milan, da Itália”. E uma das culpadas por isso é a Globo, onde atua o nosso Galvão Bueno.

domingo, 9 de novembro de 2008

8:00 am



Levantei-me da cama. Estiquei-me. Olhei-me contra o espelho. Banhei a face na pia:

Mais um dia está começando.

Abro a janela, como de costume, para recepcionar o novo dia que surge.
Imediatamente o sol invade meu quarto. As árvores e flores estão volumosas de vida, os pássaros ao redor cantarolam sem pausa, um discreto arco-íris e um show de borboletas ensaiam um espetáculo colorido. Com a vista turva de luz e êxtase, aprecio o dia excepcionalmente lindo que se inicia. Isso não é comum nesta estação do ano:

Fabiana está voltando.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Rapaz, parece covardia exceções haveria mas quando falamos em mulheres são todas iguais maioria

- Rapaz, eu ando com uma mania estranha meio paranóica cá da minha cuca que não consigo largar é mais forte que eu não consigo parar.

- Mania estranha, paranóica... De quê?

- Rapaz, chega assim Alicinha aqui perto de mim sinto uma vontade doida de recitar-lhe um poema dançar uma valsa tocar-lhe uma música segurar-te a mão abraçar-lhe o corpo balbuciar-lhe no ouvido que eu não consigo me segurar parece que Alicinha contém um imã que me atrai para dentro de ti louca magnitude impossível de segurar.

- Xiii, já lhe disse tudo isso?

- Rapaz, chega Alicinha eu mal consigo soletrar uma letra não dá pra explicar o sangue sobe corando minha face parece que comi malagueta das brabas e engoli um terremoto daqueles dos jornais porque me tremo por inteiro cruzes amigo o tsunami acho que aconteceu no meu corpo me alagou de poesia mais não sai nem rima nem ao menos um oi Alicinha zomba de mim ri da minha cara me vira as costas e flerta com outro defronte minha fuça.

- Aparenta ser grave!

- Rapaz, se é grave não sei ao menos tudo que lhe conto aconteceu mais de uma vez já virou mania parece ritual Alicinha chegou pá pum tudo igual minha cuca envia o sinal meu corpo obedece por bem ou por mal na verdade não tenho esperança de melhora alguma pois travo literalmente não enxergo cura você talvez poderia me ajudar amigo é pra essas coisas acredite nisso não só pelo samba que assim diz porque eu também agora lhe digo conto contigo?

- Ah! Lá vem!

- Rapaz, pois bem agora escute o que tu vais fazer não é nada difícil tão pouco impossível ficarei te devendo essa pelo resto de minha pobre vida quando sobrar algum dinheiro ou inspiração juro que lhe pago e lhe dou minha palavra de cabra macho quando eu juro está jurado pode me cobrar ou não me chamo

- Mas ande homem! Diga logo!

- Rapaz, quero que você procure Alicinha em meu nome e diga à ela que ela é a coisa mais linda que existe por cá nestas bandas e que eu sinto uma coisa tão doida por ela que em sua presença não soletro nem a primeira letra de seu nome mas vou melhorar desse tique nervoso e quero me casar com ela de terno na igreja na frente do padre assinar o papel pegar-lhe no colo levar-lhe em lua-de-mel pra uma viajem bonita tudo de primeira como sua mãe desejaria e ela vai ser a moça mais feliz desse mundo teremos 5 cinco filhos nenhum vagabundo um deles doutor Vicente Raimundo viveremos eternamente bem juntos como em novelas da televisão com aquela música no fundo.

- Hahaha E essa! Você mal consegue dizer-lhe uma palavra! Como vai pegá-la no colo, na igreja?

- Rapaz, faça o que lhe peço ligeiro não lhe devo explicações você é meu amigo confidente e parceiro te quero muito bem sei que me queres bem também então corra vá depressa não agüento mais esperar Alicinha tem que ser minha meu coração vai estourar só me juntando com ela pra esse tique passar mania de doido eu sei mas pra essa paranóia de amor só Alicinha é solução xispa salta ligeiro com destino a casa da minha amada amigo desnaturado se tudo der certo lhe serei eternamente grato.

- Hahaha Está bem! Só você! Amanhã lhe trago a resposta.

- Rapaz, vou fingir que não entendi amanhã tá maluco lhe está faltando parafuso olhe meu estado acredita mesmo que tenho condição psiquiátrica de esperar mais um dia estou começando a achar que o maluco aqui é você ou me traga essa resposta hoje ou me interne hoje mesmo em uma clínica para esquizofrênicos e me acabo pra vida por lá xô não quero isso sai pra lá portanto vá logo não da pra esperar Alicinha resposta sua quero jajá.

- Mas como exagera! Está bem. Agüente firme por aqui, lhe trago isso hoje mesmo.

- Rapaz, vá depressa confio em você não vá se atrever a me distorcer lhe transmita exatamente tudo que lhe falei acrescente somente pontos e vírgulas de resto não mude sequer uma sílaba seu pombo-correio de casa de vadia se não te esgano amigo da figa!

- Alto lá! Tu sabes que sou de extrema... Confiança!

- Rapaz, sei mas nunca é demais fazer uma pressão não se brinca nunca com o coração

- Chega! Estou partindo, até breve.

- Rapaz, boa sorte aquele santo que esqueci o nome das causas perdidas que lhe acompanhe confio em você sei que é homem volte com uma resposta positiva ou

- Ou o quê! Tchau!

- Rapaz, ou nunca mais escrevo poemas danço valsas toco violão transo com ninguém cruz credo não quero mais isso quero Alicinha e seu corpo bonito que me inspira todo me faz verso e prosa flutuando bem alto no meu mundo lírico eu e Alicinha juntos num livro mas não de Marguerite Duras melhor numa música mas não de Lupicínio Rodrigues melhor em um poema de Quintana é mais garantido um final feliz sem ninguém pra meter o nariz!

...........................................


- Rapaz, qual foi a resposta sou só curiosidade com mesclas de nervosismo meu tique está total dominante não me agüento mais estou pra surtar ou me fala agora ou pode me internar desembucha agora ande ande depressa amigo maldito Alicinha será pra sempre feliz comigo?

- Amigo, lhe digo estas com profundas lamentações: Alicinha não gosta de poesias, não dança valsas, não ouve músicas nem quer viver romances! Escute, amigo, ela não merece esta mania doida, que tu chamas de tique paranóico!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O trio que deixou saudade


Juventude: Ousadia, inovação, distorção, dissonância, irreverência, rock and roll.

A maior banda brasileira de rock de todos os tempos, atende pelo nome de Mutantes.

O trio, formado por Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee é com justiça até hoje reconhecida mundialmente como a mais criativa e dinâmica que nós já tivemos. Eu, particularmente, sou fã de toda a trajetória deles. Desde o seu início, quando fizeram parte da tropicália –participando, inclusive, de festivais de mpb e da gravação do antológico “Tropicália ou Panis Et Circenses” -, de sua fase psicodélica e progressiva.

O auge da banda foi durante a década de 70, com a gravação de “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado”, “Jardim Elétrico” e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets”. Após a saída de Rita Lee, ainda no início da década de 70, por motivos até hoje não bem esclarecidos, a banda abraçou de vez o rock progressivo. Entretanto, por motivos de desentendimentos internos, com a gravadora e envolvimento com drogas (principalmente por parte de Arnaldo), o grupo passou por uma crise.

A banda até hoje está aí. De sua formação original, apenas Sérgio ainda integra. Mas, evidentemente, sua formação original deixa saudades. Este blogueiro certamente é igual a muitos fãs que, fazendo um exercício de imaginação, fantasia como seria se Rita Lee não saísse da banda, se Arnaldo não tivesse abusado tanto dos alucinógenos... Quanto som bom a mais viria para nós?

Gostei muito de Rita com o Tutti-Frutti e adoro sua carreira solo.
Até hoje gosto do som do Mutantes.
Mas, o auge de ambos, foi quando estavam juntos, transmitindo-nos rebeldia, criatividade e talento.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O mesmo

O mundo parece simples
Tão simples que nem vejo
Que os anos assim se passam
E eu permaneço o mesmo

O mesmo de outros tempos:
Mesmos lugares frequento
Mesmos amigos tenho
Mesmos objetivos almejo!

Por isso quando alguém encontro,
Que há muito não vejo
E ele assim me pergunta:
O que tu andas fazendo?
Eu lhe digo: O mesmo!



Caminhava em direção ao armário com a intenção de organizar a desordem, posto que, no dia seguinte, estava de partida daquela cidade. Um barulho esquisito me fez interromper o trajeto: Era a campainha. Mais surpresa do que curiosa, fui atendê-la. Ao abrir a pesada porta de madeira jatobá, um funcionário do hotel ali estava. Imediatamente o identifiquei, pois estava devidamente uniformizado, seu braço encontrava-se estendido e a mão aberta, em gesto típico no qual os funcionários pedem gorjeta. Perplexa, pensei: “Gorjeta de quê?”, “Nem o solicitei aqui”. Indaguei:

- Pois não?
O rapaz respondeu:
- Com sua licença, senhorita, mandaram entregar-lhe.
Mal notara: Em sua mão havia um envelope, justifica-se aí a razão da posição de gorjeta.
- A mando de quem?
- Perdão, senhorita, o rapaz pediu segredo.
Certamente ele não revelaria o remetente, uma gorda gorjeta o silenciara.
- Pois bem, agradecida. E tratei de fechar a porta.

Ora, rapaz? Bilhete de um rapaz? Mal andei de papo com alguém deste lugar.
Minha apreensão só fez aumentar quando olhei para a carta que em minha mão estava: Um envelope velho, já outras vezes utilizado. O aspecto velho do papel só o tornou ainda mais misterioso, de modo que me guiei até a cama, com a intenção de o quanto antes desvendar o conteúdo da misteriosa carta.
Acomodei-me sobre a cama, com demasiada pressa abri o tal envelope e, de seu interior, retirei uma folha de papel. O papel estava escrito a punho, tinta preta, letras cursivas meio trêmulas. Seus escritos assim diziam:


“Amaralina, 22 de dezembro de 1958


Perdoe-me invadir assim seu quarto, por meio desta carta, é que coisas assim acontecem uma vez em vida, e não posso deixá-la escapar.
A vi aqui chegar, em um carro branco, cheio de bagagens. Por Deus! Como estava linda, senhorita! Senti algo diferente, que jamais havia sentido anteriormente, ao vê-la descer do carro, segurando a saia de seu vestido azul, olhando para o hotel, com semblante cansado.
Pois bem. Desde então, não consegui pensar em outra coisa, a não ser na formosa morena que aqui se encontra. E hoje, com pensamentos voltados em ti, perguntei a um funcionário (que fez a gentileza de entregar-lhe estas linhas), o quarto em que estavas e o dia em que partias. Logo, ele disparou: “A moça parte pela manhã”.
“Faça não!” Pensei: “Hei de falar com ela, não posso deixá-la partir”.
Conto-lhe que, a cerca de 3 horas atrás, ocorreu uma prova irrefutável de covardia masculina. Ao lhe ver na entrada do hotel, onde estamos hospedados, parti em sua direção, com o intuito de lhe dizer tudo que sinto. Quando estava quase a ponto de tocar-lhe o ombro e, finalmente, ver estes olhos castanhos voltarem-se para mim, comecei a tremer, suar e vi minha face se corar por inteira, a ponto de, até este momento, em que lhe escrevo, estar me sentindo calorento e trêmulo. Isso é de se zombar!
Após este ato de excessiva timidez, resolvi lhe dizer tudo o que queria através destas linhas, mal traçadas e mal escritas, mas justificáveis: Escrevo trêmulo e com pressa, na tentativa de adiar sua partida.
Senhorita! Suplico-lhe: Me dê a oportunidade de conhecê-la!
Apesar desta abusada atitude que cometi, de lhe invadir o quarto, lhe invadir os olhos e a paciência, assim agi por desespero. Sou gentil e educado, prometo não abusar mais do que das palavras!
Mas, se por um acaso, por algum motivo irreversível sua resposta for negativa, lhe peço: Deixe-me escrever mais para ti! Deixe-me seu endereço, quero lhe enviar cartas e mais cartas, frases e mais frases, linhas e mais linhas, versos e mais versos. Assim, desafogo o peito!

Para a morena que encantou e me tomou por inteiro,
Com as mãos trêmulas e o pensamento firme,
Fernando.”


“E essa!” Pensei, após recuperar o fôlego.
Levantei-me da cama, zonza (as palavras do rapaz, que agora sabia que se chamava Fernando, caíram como uma pancada em sua cabeça), segui até a porta pesada de madeira jatobá, chamei o mesmo funcionário que me havia entregue a carta, e lhe disse: “Cancele minha partida”, e logo obtive a resposta: “Sim, senhorita, com a rapidez de costume”.
Tratei de fechar a porta, sentei novamente sobre a cama, re-li a carta e pensei: “Como será Fernando?”.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Resenha: "A arte de fazer um jornal diário"


Análise do livro “A arte de fazer um jornal diário”

Em seu livro “A arte de fazer um jornal diário”, o autor, Ricardo Noblat, faz uma reflexão de sua larga experiência de, até então, trinta e cinco anos, trabalhando como jornalista. O livro, lançado em 2004, pela Editora Contexto, aborda o jornalismo em vários aspectos, produzindo uma adequada exposição da profissão e de seu sentido. Para facilitar esta análise, em cada parágrafo, vou me referir a capítulos específicos do livro, seguindo, assim, a ordem de seu sumário.

Sobre o alucinado ofício do jornalismo: Ricardo Noblat acertou em cheio ao escolher um trecho de um dos textos de Gabriel García Márquez sobre jornalismo para epígrafe. Ninguém melhor que o escritor e jornalista colombiano para, em poucas linhas, resumir que o “jornalismo é uma paixão insaciável que só pode digerir e torná-lo humano por sua confrontação descarnada com a realidade”.

Capítulo I: O livro é iniciado com um diálogo entre um jornalista e um cidadão comum. Na conversa, o cidadão faz uma série de perguntas ao jornalista. O autor, certamente, calculou que essas perguntas são questões que quaisquer pessoas que estão de fora do mundo jornalístico sentem vontade de perguntar a alguém da profissão. Seguindo, o autor fala sobre a crise em que vive atualmente a mídia impressa. Baseado em números e estatísticas, Noblat prevê um futuro árduo para os veículos, enfatizando a chega da televisão, ascensão da Internet e desinteresse cada vez maior por parte dos jovens pela leitura. Aproveita a oportunidade e faz inúmeras sugestões que, em sua visão, pode tentar melhorar esse negativo quadro.

Capítulo II: Noblat faz reflexões sobre ética, defende que o jornal deve ser produzido pensando na população e não como apenas um negócio, pois, segundo ele, o jornal deveria ser um espelho da consciência crítica da comunidade em determinado espaço de tempo. Analisando o caso Tim Lopes e casos conhecidos de invasão de privacidade, Ricardo Noblat volta à distinção do que é interesse público e o que é de interesse do público, porque apenas a primeira opção deveria interessar ao jornalismo sério.

Capítulo lll: Neste capítulo do livro, o autor fala sobre questões básicas do jornalismo como apuração, faro jornalístico, como lidar com as fontes, o que é e o que não é notícia e, tudo isso, contando histórias e casos particulares de sua longa carreira. Tenta, assim, baseado em sua experiência, explicar, de forma didática, como agir em certas situações e o que é certo fazer em casos corriqueiros da profissão.

Capítulo IV: Este capítulo é dedicado à escrita. Ricardo Noblat ensina como deve ser um bom texto jornalístico. É, praticamente, um “manual para iniciantes”. Cita outros escritores como Graciliano Ramos, García Márquez e Vinicius de Moraes, fala da importância de cortar palavras, ter um texto conciso, escrever frases curtas, ser direto, preciso e claro. Escrever como se fala, simplificar, ter um vocabulário amplo, não usar chavões e adjetivos e reescrever quando preciso são outras lições que Noblat nos passa. Analisa reportagens já publicadas para demonstrar melhor aos leitores como deve ser uma reportagem bem escrita.

Capítulo V: Como ele mesmo diz, o capítulo cinco é uma “campanha por melhores títulos”. Conta histórias, cita títulos já publicados e ressalta a importância de bons títulos para as matérias. Também fala da importância de sempre querer aprender coisas novas, independente de idade e tempo na profissão, pois, não só no jornalismo, a arrogância é ruim para qualquer profissional.

Capítulo VI: No capítulo seis temos a oportunidade de acompanhar Noblat por uma reportagem por ele feita. O autor revela os seus bastidores, fazendo-nos acompanhá-lo e, de certo modo, compartilhar dessa experiência.

Capítulo Vll: Noblat conta da reinvenção do jornal Correio Brasiliense, da história de sua reforma e como foi toda essa trajetória de sua reestruturação. Expõe opiniões de jornalistas consagrados, e de outros veículos, sobre o jornal, como Mino Carta, Reynaldo Jardim e Jânio de Freitas. Ilustra páginas com fotos de primeiras-capas do Correio Brasiliense.

Capítulo Vlll: Neste último capítulo, Ricardo Noblat traça uma linha do tempo da notícia. Analisa, desde 59 a.c., as datas que marcaram a vida da imprensa, construíram a história do jornalismo e fizeram ele se tornar o que é hoje.

O livro “A arte de fazer um jornal diário”, de Ricardo Noblat, é leitura obrigatória para jornalistas. Mas, sobretudo, a jornalistas iniciantes que, ao lerem este didático livro-manual jornalístico de Noblat, terão um reforço do que aprendem nas universidades e a oportunidade de saberem como agir em diversas situações da profissão, através de histórias e exemplos dados pelo experiente autor.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Esse papo já tá qualquer coisa...




Gosto de manter este espaço limpo e cheirando bem. Mas não posso me furtar a fazer aqui um comentário que me está entalado na garganta, e faz subir o sangue cada vez que vem à tona.

Com as eleições municipais de minha cidade pegando fogo, infelizmente escrevo aqui sobre política. Prometo ser conciso, breve e direto. Até para não poluir muito este blog que, desde sua concepção, é anti-política, e pró-cultura.

Sem mais delongas e com peito inflamado, esbravejo: Não suporto nem ouvir a voz do senhor paulo maluf (sim, letra minúscula, pois nem as maiúsculas o merecem), quanto mais ouvi-la em época eleitoral. Este senhor ainda tem a coragem de se candidatar a algum cargo público! Valei-me!

Mas sabe de quem é a culpa dessa insistência ininterrupta? NOSSA! Ele sempre é eleito! Nós sempre damos o jeitinho de mantê-lo em algum cargo, o que o faz almejar vôos maiores, como a prefeitura de São Paulo, este ano...

A minha indignação maior, ao ouvi-lo, é que, ao citar todas as suas obras, fala da melhoria da cidade depois delas concluídas, que ele foi o que mais fez, o que faz! Ora, faz-me rir, senhor! Tudo bem, maluf construiu bastante coisa, fez projetos, mas, em todos esses, desviando, comprovadamente pela justiça, muito dinheiro. Afinal, ele mesmo não afirmou, que rouba mas faz?

As obras que este senhor construiu foram realizadas com dinheiro público, e não dele. As obras são da população de São Paulo, não do senhor paulo maluf, que fala delas como se fossem patrimônio próprio.

Este papo já está me dando coisas. Mas, para concluir, como em uma propaganda deste senhor que está rolando no ar, na televisão e no rádio:
2 + 2 são 4? Então, você não disse que se o Pita não fosse um bom prefeito não era para nunca mais votarmos no senhor?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ao fim de semana no botequim!

Singela homenagem ao local no qual eu passo boas horas dos meus finais de semana: Famoso Bar do Justo!




Antes de adentrar este templo, a Norte, para mim, eram os verdes olhos de Fernanda e o Horto Florestal. Até então, não sabia onde o palato deleitava-se e a gula abundava-se.

Conheci este oásis de guloseimas e destilados há pouco, mas o suficiente para mudar minha concepção de Norte. Hoje enxergo além. Em minhas noites, há de lá sempre um porém.


Meu contentamento se dá quando estou cá, rodeado de amigos – inclui-se, aqui, no grupo de amigos, os funcionários -, biritando e, quase que corriqueiramente, prevaricando suas charmosas freqüentadoras.


Ah, mas eu não conhecia a Norte! Como vivia por estas bandas sem ser apresentado ao Famoso Bar do Justo - habilidosamente tocado por Valtinho - agora segundo lar deste!


Portanto, para quem anda por estas bandas da Zona Norte de São Paulo, esqueçam seus lares, esqueçam os olhos de quaisquer que sejam, esqueçam aquela mata virgem do Horto Florestal e, solidariamente, viremos madrugadas adentro neste justo templo climatizado por Baco!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Como querer Djavanear o que há de bom


Em uma de suas frases mais conhecidas, o dramaturgo Nelson Rodrigues afirmou que “toda unanimidade é burra”. Concordo, porém em partes.

Para mim, Djavan sempre foi uma unanimidade nacional. Descobri que estava errado por esses dias, quando em um bate-papo informal, em um bar, um amigo me confessou que Djavan não lhe agradava.

O cantor e compositor alagoano Djavan, destaca-se pela versatilidade. Em sua obra, trabalha com diversos ritmos musicais, explorando o sincretismo rítmico nacional.

Mudou-se para o Rio de Janeiro no início da década de 70, quando sua carreira começou a engrenar. Ficou em segundo lugar no Festival Abertura, com a canção “Fato Consumado”, e conquistou seu espaço de vez no cenário musical nacional com o lançamento do LP Flor de Lis, no qual a faixa título, um samba, fez estrondoso sucesso.

Em sua extensa obra, destaca-se a sutileza com a qual ele retrata o dia-a-dia, muitas vezes em composições metafóricas, confortáveis e coloridas. Coloridas, pois Djavan é um apaixonado pelas cores, tendo as explorado em diversas de suas canções.

Compôs com alguns dos mais consagrados artistas nacionais como Chico Buarque, Caetano Veloso e João Bosco, e teve suas canções interpretadas, além desses três, por Ney Matogrosso, Daniela Mercury, Gal Costa, Elba Ramalho, Maria Bethânia, etc.

Sem compreender os argumentos apresentados pelo meu amigo, para expressar sua opinião sobre não gostar de Djavan, creio que essa unanimidade sim, não seria burra, não fosse pessoas que gostam de dizer não enquanto todos dizem sim em coro uníssono.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

"Melhor do que tudo, só mesmo o silêncio. Melhor do que o silêncio, só João"


Sortudo, privilegiado ou abençoado.

Não sei em qual destes patamares me incluo, apenas relato aqui que, no dia 16 de Agosto de 2008, última sexta-feira, eu estive no Auditório do Parque Ibirapuera, em São Paulo, assistindo ao show de João Gilberto. Sim, ele tocou seu violão, e cantou, perto de mim, daquela mesma maneira que mudou a cena musical brasileira há 50 anos atrás. Eu tenho 20.

Há 50 anos, interpretando canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes (Chega de Saudade), João Gilberto dava início ao que se chamaria depois de Bossa Nova. Com uma maneira totalmente diferente de tocar violão, impondo ao instrumento uma batida sincopada, combinando a isso um canto baixo e falado, ele modernizou a música brasileira, rompendo a batida tradicional do samba e finalizando de vez aquela época boleral.

Quem já ouviu os discos de João, pode ter uma idéia de como é emocionante ter a oportunidade de assisti-lo ao vivo. João e seu violão parecem um só, como que seu instrumento fosse uma extensão de seu corpo. Reforça esta idéia vê-los em ação, pois o músico cantando, daquele modo, e seu violão o acompanhando, forma-se um uníssono quase mitológico, aparentando que, a minha frente, encontra-se um ser metade homem e metade violão.

João Gilberto atrasou em uma hora o início do show.

Confesso que me emocionei no início de sua apresentação. Assim como me emocionei na oportunidade que tive de ir assistir Chico Buarque. É emocionante vê-lo se apresentando, ao vivo, perto de você, e lembrar de toda sua história, tudo que ele fez pelo o que você mais gosta: A música.

Quanto ao atraso, João Gilberto é gênio, e assim como todo gênio tem de ser compreendido. Assim como entendo seu perfeccionismo e suas poucas aparições em público. E lhe cubro de razões. Se não fosse assim, não teríamos o privilégio de ouvir o barquinho a deslizar no macio azul do mar...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Estação final


À minha fronte está uma moça que me lembra aquelas moças de outrora. Suas vestes e seu corte de cabelo me parecem distantes. Remetem-me a personagens de Machado de Assis, filmes antigos e fotografias de parentes falecidos. Assim que ela se levantou, prendeu a bolsa sobre o ombro direito, se encaminhou até a porta e saiu do trem, aquele local em que ela esteve, por minutos sentada, nunca mais será o mesmo.


Ao lado direito da moça, está um homem que gosta de homem. Seu vestuário justo e extravagante, cabelo pomposo com fios louros não sei de onde, e sapatos jaez, evidenciam a opção sexual do sujeito que, a todo instante, inverte a mão direita para o lado de fora do punho. Assim que o rapaz inclinou-se diante do assento e, bamboleando, conduziu-se para fora do trem, aquele pequeno pedaço do vagão, que por metros o separa de mim, nunca mais será igual.


Um pivete passa vendendo doces. Trata-se de um neguinho, com duas caixas sobre as mãos. Uma surrada camisa amarela, bermuda furada azul e um par de chinelos, vestem o magro corpo do pivete. Ele passa, de acento em acento, sem nada dizer, apenas esticando os braços, expondo as caixas, como quem pede esmola e, se a esmola for concedida, ganha o direito de tirar um doce da criança. Cada centímetro do piso do vagão, que as gastas sandálias do pivete pisam, alteraram-se. Não visivelmente, porém, definitivamente.


Minha estação fica próxima ao terminal, sou um dos últimos a deixar o trem, já póximo ao fim de seu itinerário. Reparo que, cada pessoa que o vagão abandona, para seguir o seu caminho, deixa ali, naquele espaço, um pouco de si, modificando o que ali estava. A todo instante, rotativamente aqueles assentos, aquele piso, aquelas barras, aquelas paredes, aqueles trilhos e aquelas estações estão mudando.


Como o vagão de um trem, nós, a cada momento, também mudamos. Cada segundo que passa, nos modifica, nos envelhece e não tem mais volta. Como os passageiros modificam o vagão do trem, as pessoas com as quais convivemos também nos modificam. A vida é como a estrada de trilhos, um dia chega ao seu destino final. E você, como está conduzindo essa viajem?

sábado, 5 de julho de 2008

Entrelaçando os meus ouvidos, Entrelaçando o vento


Dizem que, qualquer som emitido, ali daquele penhasco, ecoa.

Eu sempre achei eco uma coisa doida.

Imagine só: Você faz um barulho e, ele fica ali, ressoando, ressoando, ressoando... Flutuando, completamente perdido no horizonte, entrelaçando o vento, invisível, descompassado e poético.
O Eco é uma coisa doida.
O Eco é lindo.

Dessas coisas que só a natureza mesmo.

Por falar nisso, tem o nome de uma pessoa, nesse mesmíssimo instante, ecoando por entre meus ouvidos.

Será que, a individua, conseguiu chegar até aquele penhasco e gritou por mim?
Ah!... Se fosse!...

Naquele penhasco isolado, ecoaria a voz mais doce que por ali gritou. Flutuando, descompassada, entrelaçando os meus ouvidos, a deriva nos ventos, ventos, ventos, ventos...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ariel e o mundo capitalista


Logo após a quinta tentativa, Ariel pensou em desistir. Foi quando ouviu, de uma amiga, as seguintes palavras:

- Não agora, Ariel! Todas estas tentativas frustradas, não são de todo perdido. Você está adquirindo base para, sempre, a sua próxima ser melhor que a anterior. Uma hora você vai conseguir, acredite!

Ariel não lhe deu muito ouvido. Frases de incentivo, nesta altura, já não lhe serviam para muita coisa.
A verdade, é que ele estava cansado do mundo. Suas tentativas frustradas de arrumar um emprego, só reforçavam, ainda mais, as idéias que, gradativamente, ganhavam força em sua cabeça.
Ariel não agüentava mais essa sociedade hipercapitalista, na qual todos nós somos manipulados, durante todo o tempo. Assim que engrenasse em um emprego, seria mais um dentro do jogo.
Essa sociedade em que o consumismo predomina, para Ariel, está fadada ao fracasso. Em sua imaginação, já pensava no dia em que, no ritmo frenético em busca do capital, as pessoas, inconscientemente, se autodestruirão.
Os ideais coletivos são utópicos. Ariel considera que, as leis, fazem parte do espetáculo. E, hoje, o que predomina é o individualismo constante, deixando de lado, valores fundamentais para se viver em sociedade, como a cidadania.
Ariel queria sair dessa escrita. Ele não queria ser mais uma mercadoria dentro do mundo capitalista. Não queria, ser reduzido a forma de um objeto, como todos os outros.
O pensamento de desistência de Ariel, não era tanto pelas desestimulantes cinco tentativas de trabalho que procurara, pois ele, um jovem recém-formado, teria totais condições de, em um futuro próximo, encontrar seu espaço no universo profissional.
Na verdade, seu desânimo e pensamento de desistência, eram por essas idéias que amadureciam, cada dia mais e mais.
Desolado, Ariel respondeu à sua amiga:

- E esta base, de que me servirá? Para eu adentrar ao jogo capitalista? Ser mais um fantoche da sociedade? Sinceramente, não estudei para isso!

E lá, por toda rua, se foi Ariel. Cabisbaixo, caminhando... Caminhando, devagar e pensativo. Levava, apenas, os seus livros.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Amizade


Há várias formas de se reconhecer um amigo



Um abraço que percebemos ser dos mais calorosos.

Uma força naqueles momentos difíceis que, inevitavelmente, todos nós passamos.

Aquela ajuda, popularmente conhecida como “quebrada de galho”, que também, mais cedo ou mais tarde, todos nós precisaremos.

Uma ligação, no meio do dia, de uma terça-feira, sem mais nem porquê, apenas para ouvir que está tudo bem.

Uma despretensiosa conversa, que somente após ela, percebemos que nos fez bem.

Quando a companhia se estende por tempos, e o carinho só faz crescer.

A distância, além da saudade, nos traz risos, rememorando passagens engraçadas.

Só de olhar para a pessoa já rimos.

Sabemos que, em qualquer lugar, a qualquer hora, apenas uma ligação serve para o AMIGO estar ao nosso lado, independentemente da situação!!!

Amigos são diferentes de colegas,
Para diferenciarmos, um olhar basta, em situações adversas.


Há também aquelas pessoas que, não queremos nada, nada de tudo isso escrito acima,
Mas elas querem isso de nós.

Nós delas apenas esperamos o prazer.
E a amizade só faz crescer...

segunda-feira, 23 de junho de 2008


Tranco-me no quarto.
Escrevo, leio, releio, rasgo.
Nada me agrada, adjetivo toda estas linhas tortas de merda.
Rasuras feitas sem intenção de ser.

Isolo-me no quarto.
Escrevo, leio, releio, rasgo.
Não produzo nada, porém aqui me auto-exilo.
Sou covarde, não quero ver o sol hoje.

Definho-me no quarto.
Escrevo, leio, releio, rasgo.
Tenho vontade de chorar, talvez molhando estas merdas elas se tornem mais legíveis.
Estou de férias.

Escrevo, leio, releio, rasgo,
No quarto.
De fronte à janela,
De fronte à rua,
De fronte à cidade,
De fronte ao mundo.
Debruçado sobre a escrivaninha.
Meu quarto é meu mundo.

Escrevo, leio, releio, rasgo,
Meus papéis.
Escrevo, leio, releio, rasgo,
Minha história,
Minha biografia,
Minha discreta existência.

Acabou!


Esse final de semestre foi punk pra mim.
Finalizando o meu vídeo-documentário (Tropicália: Caminhando sobre o tempo), entregas de trabalhos e provas na universidade.
Estava sem tempo de postar aqui.
Estava com saudades.
Agora já posso ler meus livros novos, escrever aqui e respirar.
Pretendo viajar.
Quero viajar.
Ócio criativo já!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Empresa ArtCor Brasil confecciona produtos ecologicamente corretos

O acúmulo de lixo é um dos maiores problemas das grandes cidades. Muitos desses materiais que vão para o lixo podem ser reutilizados e reaproveitados, mas por falta de informação, conscientização, ou até mesmo cidadania, o destino desse lixo é quase sempre o mesmo. Alguns materiais, como o plástico, podem demorar até 100 anos para se decompor, aumentando o acúmulo de lixo na cidade e agredindo o meio-ambiente.

Até pouco tempo atrás, as garrafas PET (polietileno tereftalato) eram uma grande parte desse lixo. Descartadas após o uso, demoravam muitos anos para se decompor, poluindo e acumulando na cidade.

Preocupadas em agredir cada vez menos o meio-ambiente, empresas como a Art Cor Brasil estão confeccionando produtos com o fio transformado da reciclagem destas garrafas, como nos explica Faber Lobo, diretor comercial da empresa: “As garrafas PET levam até 100 anos para se degradarem, utilizando o fio PET fibra natural na confecção, estamos tirando tudo isso do meio-ambiente.”, afirma Faber, que também lamenta o fato de, apesar do apelo ecológico ser grande, e a empolgação dos clientes ao serem informados sobre o fio ser rápida, as empresas ainda não estão consumindo tanto esses produtos.

Faber Lobo ressalta a qualidade dos produtos, exemplificando com a camiseta: “A diferença entre uma camiseta comum, confeccionada com o algodão, e a produzida com o fio PET é mínima. A camiseta feita com o fio PET é muito confortável, tendo a vantagem ainda de ter uma durabilidade maior.”, diz Faber, nos mostrando uma camiseta feita nesses moldes.

Ainda segundo Faber, o preço do fio é o mesmo preço do comum, porém seu processo de produção é um pouco mais caro, mas tudo isso é recompensado pela conscientização conjunta que isso atrai: “O fio é o mesmo preço do comum. A preparação e a produção do PET são um pouco mais caras. Mas a conscientização conjunta que isso traz, tanto aqui na empresa, para nós e para os nossos funcionários, quanto para os clientes, compensam, sem dúvida nenhuma.”.


Iniciativas como essa, da empresa Art Cor Brasil, ajudam a melhorar o meio-ambiente, conscientizando-nos sempre da importância da reciclagem e reaproveitamento do lixo que o homem produz.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

...

Sorriso lindo e largo, que quando aberto, ilumina tudo a sua volta, e realça mais os traços finos do seu rosto. Rosto de menina, que contradiz com o corpo de mulher. Pele branca, uma palidez naturalmente bela. No meu imaginário, veja essa imensidão branca muito macia, e tocá-la deve ser qualquer coisa de agradável, um prazer efêmero, uma pele que, de longe, sinto vontade de afagar. Imagino também como devem ser macios os fios do seu cabelo, longos, soltos... Pele e cabelos macios, porém olhar fixo e centrado, capaz de derrubar-me em segundos a minha fronte. Adriana, um jogo de contradições envolventes, decifrá-los seria uma aventura, dessas que a gente sempre sonho em viver quando relacionado a alguém do sexo oposto. Uma aventura com uma mulher. Uma mulher deslumbrante.

Um espaço para camaradagem

Deixo um recado aqui para supostos leitores deste blog que gostam de esportes.

Por iniciativa de dois parceiros, com idéias de falar de esporte de forma original, foi criado o blog www.depoisdolance.blogspot.com. Acessem, gostei muito do que li de lá até agora!

Gostaria de aproveitar a oportunidade e mandar um recado para os criadores do blog, o Pedro, que em nossas peladas, cabeceando a pelota, me lembra Dadá Maravilha. Vide o gol que ele aguardou diante do Adm Mijan!!! Gol que, por sinal, foi assistência do parceiro Gabriel Noleto, o outro autor do blog, o nosso eterno camisa 10 do Juventude, o time mais efêmero da história do futebol mundial.

Salve, salve parceirinhos!

sábado, 3 de maio de 2008

Uma vida jogada fora por Bibiana

Mas o que é isso, Bibiana!

Lembro-me bem de quando nos conhecemos. Ambiente propício, nosso território.

Foi no samba da vela que a vi pela primeira vez.

Bibiana, você não economizava palavras! Falante que és, tagarelava com os amigos, ria alto, ria demasiadamente. Perdia-me no requebrado de seus quadris. Sambavas ao ritmo dos tantãs, que marcavam suas passadas (ou tuas passadas ditavam o ritmo dos percussionistas?). Bebia e me olhava, com um olhar fulminante, que até hoje me faz suspirar.

O tempo passou, Bibiana.

Aquela mulher alegre, divertida, que bebia e fulminantemente me olhara, marcando o ritmo dos tantãs, no samba da vela, não é mais a mesma.

Casou-se!

Ah, Bibiana! Digo-lhe definitivamente: Esse cabelo curto, estes moldes sociais, não lhe cabem!

Fulminantemente olhara-me, sambando, de saia rodada, cabelos longos e soltos, rindo, bebendo, tagarelando...

Bibiana, só tenho que lamentar.


Qualquer iniciativa que venha a tomar daqui a diante não me surpreenderá. Casou-se em igreja com cerimônia religiosa. Ríamos disso, Bibiana. Alías, religião parece que já faz parte de seu cotiado. Bibiana, não a conheço mais! Este universo é pequeno demais para ti, você não pertence a este mundo, dos casados, dos religiosos, dos alienados!

Bibiana, tu pertences ao samba da vela.

Tu pertences à noite.

terça-feira, 29 de abril de 2008

O Sol nas bancas de revista, me enche de alegria e preguiça, quem lê tanta notícia?

O Jornal-Escola O Sol foi um projeto criado por Reynaldo Jardim, para, na época, suprir a deficiência das faculdades de jornalismo. Era um jornal jovem, alternativo, diário e que retratava a sociedade esquerdista da época. Acompanhou e fez parte da história do Brasil e da imprensa brasileira.

O Sol tinha total liberdade na produção estética e criativa. Em depoimentos do documentário O Sol, de Tetê Moraes, chegaram a dizer que aquilo tudo era uma “brincadeira”, uma “irresponsabilidade”, paralela à cobrança que é exigida na imprensa.

Uma música de Caetano Veloso, que cita o sol em sua letra, virou o hino do jornal, representando o espírito “Sem Lenço nem documento” do jornal.

O Sol não surgiu por acaso. O contexto histórico da época era de total efervescência cultural, e o jornal veio dar voz aos universitários, que eram o seu público-alvo e passaram a ser uma categoria, o que até então não eram.

Em uma total ousadia romântica, quem trabalhava no jornal acreditava que ia salvar o mundo, e quem não pensasse assim, eram considerados traidores.

Em depoimento de Ziraldo, ele disse que O Sol “Marcou o que era a cabeça juventude daquela época, assumiu o que era novo...”.

Uma das características marcantes do jornal eram as manchetes ousadas, o que reforçava a ideologia do veículo que não tinha rabo-preso com ninguém, chegando até a supor que seu fim se deu a isso, pois O Sol não vendeu a alma.

O Sol foi uma ousadia romântica, o que nos tempos de mesmice dos jornais de hoje, dá muita saudade.

E como definiu Reynaldo Jardim no final do documentário: “Jovem é O Sol, mesmo se é noite”.

sábado, 5 de abril de 2008

Virada Cultural

A expectativa é das melhores para a Virada Cultural deste ano. Não que a do ano passado tenho sido um desastre, para mim, longe disso! Tirando a infeliz confusão no show do conjunto de rap Racionais Mc´s, a virada foi ótima e, para quem teve a oportunidade de freqüentar alguma apresentação, que não a do grupo do Mano Brown, viu um show organizado e de boa qualidade sonora.

As atrações são todas de alto nível. O maior desafio da Prefeitura do Estado de São Paulo é manter a organização do evento sob controle, evitando confusões aglomeradas (Uma confusão individual aqui ou ali, onde tem álcool, sempre vai existir) e sustentar a qualidade no áudio das apresentações, que correspondam com o nível dos artistas, para que eles só pensem na sua apresentação e não em fatores externos. O prefeito não é tão bronco assim, creio que ele aproveite os sucessos e fracassos do ano anterior para alcançar o êxito completo nesta edição. Enfim, se sair do papel todas as idéias desta Virada Cultural, não vejo motivos para não ser um estupendo sucesso.

A Virada Cultural este ano será das 18 horas do dia 26 de abril às 18 horas do dia 27. O metrô, na ocasião, funcionará 24 horas ininterruptas. Vão ter 26 palcos espalhados pelo centro da cidade, com atrações diversas, incluem-se shows musicais, filmes, danças, teatro e circo, somando-se 5 mil artistas em 800 atrações. A prefeitura também divulgou o investimento feito, que será de R$ 6,8 milhões, quase o dobro do ano passado.

Aqui vai o site da Virada Cultural, que explica detalhadamente o evento: http://viradacultural.org/

Estamos carentes de eventos como esse, salva-se aí o Sesc, que sempre está organizando exposições e shows de boa qualidade cultural e preços, quando não gratuitos, acessíveis.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Lira Paulistana

Em reportagem da Veja desta semana, a revista divulgou poemas e letras de músicas que foram censuradas pela ditadura militar nos anos 70. Mas os motivos das censuras divulgadas pela reportagem não foram os políticos, “comuns” na época, e sim motivos estéticos, de “bom gosto”. E pelo “bom gosto” do regime militar, ganham destaque na reportagem os censurados Mário de Andrade, Adoniran Barbosa e Lupicínio Rodrigues.

Algumas das justificativas recolhidas pela Veja são das mais absurdas. A música Bicho de Pé, de Lupicínio Rodrigues (“Vivia sozinha num ranchinho velho feito de sopapo”), ganhou o veto pelos seguintes motivos: “A falta de inspiração leva o autor a poetizar um bicho-de-pé, colocando elemento subdesenvolvido como exemplo do caráter feminino”. Absurdamente neste nível é a justificativa da censura da música Tiro ao Álvaro, de Adoniram Barbosa. Após circular, na letra de sua música, as palavras “tauba”, “artomorve” e “revorve”, complementou o infortúnio com os dizeres: “A falta de gosto impede a liberação da letra”. Adoniran, que nunca teve militância política, tinha suas letras vetadas única e simplesmente por utilizar uma linguagem coloquial e cometer propositais erros de gramática entre os versos.

Mas, para os amantes da obra de Mário de Andrade, como esse novato blogueiro, a indignação fica por conta do veto de um de meus poemas favoritos do Mário. Reproduzo aqui o poema Lira Paulistana:

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem,
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus,
Adeus.


A justificativa da censura é essa: "Não é possível! Quanta falta de preparo, assunto, gosto e tudo...".

Realmente...
Salve Mário!

domingo, 30 de março de 2008

Que bonito, é!




É de encher os olhos ver o meio-campo do São Paulo Futebol Clube Hernanes jogar. Típico jogador moderno, com intensa movimentação, ele passa, marca, arma, dribla, chuta, cruza...Com extrema técnica e domínio de jogo. Veloz, cadencia as jogadas quando necessário e, quando lhe é permitido, municia o ataque com maestria. Aliás, maestro é seu cargo no São Paulo Futebol Clube, porque classificá-lo como volante não me agrada os ouvidos...Não é peculiar a um volante dar pedaladas, tendo a opção de cortar o marcador para ambos os lados, pois o ambidestro Hernanes arremata com força e precisão a baliza adversária.

Suas seguidas convocações para a seleção brasileira de futebol, feitas pelo seu técnico e ex-jogador Dunga, são justíssimas e, nos tempos de escassez de talentos que passamos no Brasil, devido à emigração cada vez mais precoce dos nossos craques, ver um Hernanes aqui por nossas bandas, dá um sentimento de prazer conscientemente efêmero, porque sabemos que Hernanes desfilará sua elegância nos palcos do Morumbi por pouco tempo, daqui não há muito, estará esbanjando técnica nos gramados europeus, cumprindo a ordem natural das coisas.

sexta-feira, 28 de março de 2008

APRENDA

Aprenda


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração
parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção:
pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver
o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode
ser a pessoa que você está esperando desde o dia em
que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for
apaixonante, e os olho se enchem d' água neste
momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa
pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar
o coração, agradeça: Algo no céu te mandou um
presente divino: O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro
por algum motivo e, em troca, receber um abraço,
um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem
mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos
um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te
deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu
sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las
com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá
contar com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro
da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos
de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite..
Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma,
um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo
e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar
sendo louco por ela..

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra
partindo: é o amorque chegou na sua vida.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida,
mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo
acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio.
Por isso, preste atenção nos sinais não deixe que
as loucuras do dia- a- dia a deixem cega para a
melhor coisa da vida:

O AMOR.

Se descobrir esse amor, cultive-o, mas deixe-o livre!

Carlos Drummond de Andrade.



Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 25 de março de 2008

Referencial Teórico/ Trecho

Caetano Veloso, em seu livro Verdade Tropical, explica como o “movimento” que surgia até então, foi intitulado de “Tropicália”. Segue o trecho:

“Num almoço na casa de não sei quem em São Paulo, ao qual suponho que Mário Shemberg compareceu, me pediram que cantasse algumas das músicas que eu estava gravando. Luís Carlos Barreto, um fotógrafo jornalístico que tinha se tornado produtor de cinema depois de magníficos trabalhos como diretor de fotografia (...), impressionou-se com essa canção (o que era perfeitamente coerente) e, ao ser informado de que ela não tinha título, sugeriu “Tropicália”, por causa, dizia ele, das afinidades com o trabalho de mesmo nome apresentado por um artista plástico carioca, uma instalação (na época ainda não se usava o termo, mas é o que era) que consistia num labirinto ou mero caracol de paredes de madeira, com areia no chão para ser pisada sem sapatos, um caminho enroscado, ladeado de plantas tropicais, indo dar, no fim, num aparelho de televisão ligado, exibindo a progamação normal. O nome do artista era Hélio Oiticica (...) Eu naturalmente disse que não, que não poria o nome da obra de outra pessoa na minha música, que essa pessoa poderia não gostar. O que eu não disse, é que esse nome de “Tropicália” não me agradara muito, embora a descrição que ele dera da instalação me atraísse. “Tropicália” parecia reduzir o que eu entendia de minha canção a uma reles localização geográfica. Palavra era pregnante, contudo, e nós não a esquecemos. Guilherme Araújo (empresário de marketing dos tropicalistas) gostou. Manuel Barembein, a quem eu caí na asneira de contar a sugestão feita por Barreto, agarrou-se a esse nome e, para todos os efeitos, enquanto eu não encontrasse um nome melhor, a canção se chamava “Tropicália”. Nas caixas de fitas, nas fichas de gravação, nas conversas, o nome Tropicália se impôs. O único outro título que me tinha –“Mistura Fina”- era evidentemente insatisfatório. (...) Como eu não achasse nunca um outro melhor e o disco já estivesse pronto, Tropicália ficou e oficializou-se.”

domingo, 23 de março de 2008

Todo dia ela faz tudo sempre igual...

Segundo o dicionário Aurélio, a definição de aventura é: 1- Empresa ou experiência arriscada. 2- Acontecimento imprevisto; peripécia. 3- Ligação amorosa. Das três definições, a que mais me agrada é a terceira. Claro que interligaria as três, assim: Um relacionamento é uma experiência árdua e arriscada, que vive a base de peripécias, qualquer acontecimento imprevisto pode romper a ligação amorosa. Claro que escrevi uma coisa maluca, sem pé nem cabeça, mas as aventuras não são doidas?!

Quem não sonha diariamente em viver uma aventura ao lado da mulher amada, aquela mulher perfeita, que topa tudo que lhe é proposto, aquela felicidade toda e tal. Viajar, conhecer lugares, fazerem loucuras, jogar tudo pro alto e ir morar no litoral, naquela cidadezinha pequenina do interior, em Macondo, Pasárgada...Sonhar todos, botar em prática quase ninguém. Por quê? Todos sabem que a vida é curta, não levaremos nada dela e mesmo assim nos sacrificamos para juntar mais e mais grana, posto que, quanto mais ganhamos, mais queremos...Eu pergunto: Quem é mais feliz? Quem embarca na aventura ao lado da pessoa amada ou quem vive a vida imposta pela sociedade?

Ter os pés no chão é bom, mas nem sempre. Para vivermos uma aventura não podemos ter nem um pouco de prudência, quanto menos pensarmos nas conseqüências melhor. Exemplos de aventureiros célebres não faltam, como no caso do nosso Ernest Hemingway, levou muito de suas aventuras para a literatura, ou o poetinha Vinícius, aventuras amorosas era com ele, jogava tudo pro alto e mergulhava de cabeça na nova paixão. E como é bom, não é?

Estamos com falta de aventuras em nossas vidas. Vivemos cotidianamente os mesmos trajetos, os mesmos hábitos, freqüentamos os mesmos lugares, vemos as mesmas pessoas...Eu não sei o que é vida, mas isso não é! Você quer isso pra você?

Mirem-se no exemplo de Hemingway e Vinícius, aventuras ao lado da pessoa amada sim, e mandemos o juízo às favas!

quarta-feira, 19 de março de 2008

2010 está aí, pelo menos para Lula.

O início da receptividade por parte dos eleitores de Lula em prol a Dilma Rousseff para sua secessão em 2010, só comprova ainda mais a competência comunicativa e a força que o atual presidente exerce sobre grande parte da população nacional, principalmente sua parcela mais precária.

Lula vem, claramente, querendo “fazer a imagem” de Dilma com o seu povo, recentemente até a intitulando de “Mãe do PAC”. O programa de aceleração do crescimento que, aliás, quanto mais se aproximam as eleições, mais se manifesta.

A idéia de ter Dilma como sua presidenta em 2010 já está amadurecendo na cabeça do eleitorado de Lula, prova disso foi o que eu ouvi hoje no rádio, após dizer, mais uma vez, que todas aquelas obras que estavam sendo finalizadas estavam naquele estágio devido a atual ministra da Casa Civil, a reação pública foram gritos de “Dilma! Dilma! Dilma!”.

Os discursos pobres de Lula (cheios de erros de concordância, metáforas medonhas, analogias ao futebol e, mais recentemente, também a culinária) mobiliza a população, causando uma identidade entre eles, uma espécie de “representante do povo” no poder. E ele não cansa de reforçar isso, dizendo que ele foi o presidente que mais pensou no povo na história, dando esmola (Bolsa Família), colaborando com a imagem de ócio perene do brasileiro.

Nessa toada, a futura candidata petista pra 2010 está pintando. Este novato blogueiro pode queimar a língua, mas que tudo está caminhando para isso está.

Dilma Rousseff é economista e política brasileira. Ela se integrou ao governo Lula em janeiro de 2003 como ministra de Minas e Energia, passando a chefiar a Casa Civil em junho de 2005 no lugar de José Dirceu, que deixou o cargo devido as acusações de corrupção no caso mensalão.

Que beleza!

segunda-feira, 17 de março de 2008

"Sei que amanhã quando eu morrer, os meus amigos vão dizer, que eu tinha bom coração..."




Nelson Antônio da Silva nasceu em 29/10/1909, na Rua Mariz e Barros, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Seu pai e tio eram músicos, cresceu rodeado de instrumentos e, aos domingos, eram organizadas rodas de samba em sua casa.


Freqüentou a escola primária Evaristo da Veiga, mas abandonou-a para trabalhar como eletricista. Nesta época, fez amizades na Lapa com Brancura, Edgar e Camisa Preta, os chamados “valentes”. Mais tarde, já adolescente, mudou com a família para a Gávea, pra finalmente se estabelecerem em uma vila operária do bairro. Freqüentava bailes dos clubes Gravatá, Carioca Musical e Chuveiro de Ouro, conhecendo músicos decisivos em sua formação, como Edgar Flauta da Gávea, Heitor dos Prazeres, Mazinho do Bandolim e o violonista Juquinha, que foi quem lhe ensinou os primeiros acordes musicais ao cavaquinho. Foi nessa época que cunhou a sua maneira peculiar de tocar o instrumento apenas com dois dedos. Aos 16 anos, sem dinheiro para adquirir um cavaco, e também para pagar um professor, treinava com um emprestado. Por essa época, trabalhava como pedreiro, e compôs seu primeiro samba, o choro intitulado “Queda”. Apresentou-o aos amigos Juquinha, Edgar, Heitor e Mazinho, que logo o convidaram para integrar seu conjunto de samba e choro. Faziam shows em clubes nas redondezas da Gávea. Apesar de tocar bem o cavaquinho, era sempre necessário pedi-lo emprestado. Vendo-o nessa situação, Ventura, um amigo, presenteou-o com um cavaquinho.


Em 1931, arrastado a delegacia pelo pai de Alice Ferreira Neves, casou-se, com quem mais tarde teria quatro filhos. O casal foi morar no subúrbio de Brás de Pina. O pai de Alice indicou-o para servir na Cavalaria da Polícia Militar. Ele patrulhava o Morro da Mangueira, local onde fez amizades com sambistas como Zé com Fome e Carlos Cachaça. Ao conhecer Cartola, na quadra da Mangueira, ficou muito tempo conversando com ele, e seu cavalo, com o qual fazia a patrulha, regressou sozinho ao batalhão, o que ocasionou a sua detenção. Aliás, não era a primeira vez que ficara detido, já que passava dias sem ir ao quartel, devido a boemia, como ele mesmo falou: “Eu ia tantas vezes em cana que já estava até me acostumando com o xadrez. Era tranqüilo, ficava lá compondo. Entre as músicas que fiz no xadrez está ´Ente a cruz e a espada` ”. Foi expulso da corporação, separou-se da mulher, afastou-se dos filhos e ingressou de vez na boemia, passando a dedicar-se exclusivamente a música. Foi morar na Mangueira em 1952.


A partir daí teve diversas músicas de sua autoria gravada por consagrados cantores de rádio da época, como “Palhaço”, gravado por Dalva de Oliveira e “Amor que morreu”, Eliseth Cardoso.


Um marco importante de sua carreira musical, foi ter conhecido Guilherme de Brito, em Ramos, onde tocava nos botequins do bairro. Guilherme demonstrou-o interesse pelo samba e, não obstante, começaram a compor musicas, formando assim uma parceria que viria a trazer grande sucesso a dupla.


Em 1957, o cantor Raul Moreno fez a primeira gravação de “A flor e o espinho”.


Em 1958, o cantor Roberto Silva incluiu “Notícia” e “Degraus da Vida” no LP “Descendo o Morro nº 4”.


Em 1961 passou a freqüentar a casa de Cartola e Dona Zica. Com a inauguração do restaurante Zicartola, na rua da carioca, no centro do Rio de Janeiro, iniciou as suas apresentações públicas. Por essa época, Nara Leão gravou “Pranto de poeta”.


Em 1967, já conhecido e tendo suas músicas interpretadas por diversos interpretes de peso da época, deu um histórico depoimento para o MIS (Museu da Imagem e do Som).


Em 1968, participou do LP “Fala Mangueira”, ao lado de Clementina de Jesus, Cartola e Carlos Cachaça. Neste mesmo ano, Paulinho da Viola gravou “Não te dói a consciência” e Nélson Gonçalves “Não sei porquê”.


Dificilmente poderão ser listados todos os intérpretes de sua obra. Contudo, destacam-se Chico Buarque (‘Cuidado com a outra’ e ‘Folhas secas’), Elza Soares (‘Saudade, minha inimiga’ e ‘Pranto de poeta’), Clara Nunes (‘Palhaço’, ‘Minha festa’ e ‘Juízo final’), Nora Ney (‘Quando eu me chamar saudade’), Emílio Santiago (‘Quero alegria’), Eliseth Cardoso (‘A flor e o espinho’, ‘Luz Negra’ e ‘Degraus da vida’), Cláudia Telles ('Luz negra'), Leny Andrade ('Vou partir'), Orlando Silva ('Degraus da vida'), Beth Carvalho ('Folhas secas', 'Quero alegria' e 'Se você me ouvisse'), Cazuza ('Luz negra'), Alcione ('Luto'), Nélson Gonçalves ('Meu velho coração'), Elis Regina ('Folhas secas') e Cyro Monteiro ('Rugas'), além do próprio parceiro Guilherme de Brito em várias composições da dupla. Beth Carvalho foi uma das intérpretes que mais o gravou, tendo ela mesmo declarado que ele foi o seu maior influenciador na música e dedicado LPs e CDs exclusivamente a sua obra.


Seus parceiros, também, foram tantos que provavelmente nem ele mesmo possa se lembrar. Porém, destacam-se: Guilherme de Brito, Cartola, Jair do Cavaquinho, João de Aquino e Paulo César Pinheiro.

Morreu na madrugada de 18 de fevereiro de 1986, vítima de um enfisema pulmonar.

Tratando-se de NELSON CAVAQUINHO, quaisquer textos que eu escreva aqui, pode ser chamado de resumo.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ridículos Tiranos!

Eu me sinto bem quando cumpro com as minhas obrigações, sejam elas intelectuais, físicas ou sociais. Sei que é incognoscível, as pessoas acerca de mim não percebem, mas estou feliz nas ocasiões que parecem mais inusitadas. Sinto-me feliz muitas vezes só. Gosto de ficar só, manja? Um bom livro faz eu ganhar o dia. Um bom disco de Noel também.

Pois bem, nesse paradigma de que “as coisas simples me encantam”, ou me fazem bem, sei lá o quê desse termo que já virou chavão, vou relatar um caso que me ocorreu hoje e é a maior prova dessa ideação.

Estava a caminho da Universidade, um trânsito que bateu mais um recorde na cidade (todo dia algum recorde relativo a trânsito é superado), ouvindo um cara no rádio chato pra caramba, discutindo a crise diplomática sul-americana. Já tinha escutado em todas as rádios o assunto, chegando em casa, o jornal que assino me esperava e, ao longo do dia, ia rever os tiranos em todos os telejornais possíveis! Já estressado, com aquelas fileiras intermináveis de carros a minha frente, bateu-me um dilema inquietante: Ponho um cd ou arrisco alguma rádio? (A maioria das rádios estão muito comerciais!).

Arrisquei uma rádio, bem comercial por sinal, dessas que você sente o jabá na melodia da música, mas isso não vem ao caso. O mau humor que imperava no carro na hora foi-se embora! Uma simples música conseguiu transformar o restante do meu dia.

A música em questão, que me arrancou risos no carro, é a Partido Alto, do Chico Buarque, mas que ouvi com a brilhante interpretação do MPB-4. Conheço essa música de cor e salteado, mas aquela interpretação do MPB-4, com a letra eqüipolente do Chico, me fez refletir sobre o assunto que ouvia anteriormente no rádio: Deus é um cara gozador mesmo, tinha o mundo inteiro pra botar o Chávez e foi botar ele justo aqui, na nossa América-Latina querida! Ri sozinho no carro matutando sobre o assunto.

Diz que deu, diz que Deus, diz que Deus dará, não vou duvidar ô nega!

Deus está solto!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Tropicália

O Brasil é formado sobre a influência de diversas culturas. Esse intercâmbio cultural ocorre o tempo todo, haja vista que a interação entre culturas, línguas e costumes entre países é cada vez mais freqüente.

No mundo todo, e em especial no Brasil, um fator predominante na formação cultural do povo é a música. Ela exerce um papel importante no contexto histórico, social e político, mobilizando adeptos, principalmente os jovens, ainda em formação intelectual.O movimento que mais assimilou essa multiculturalização, sacudiu o cenário da música popular e cultura brasileira foi a Tropicália.

A Tropicália durou apenas um ano (de 1967 a 1968), mas até hoje é lembrada como um dos maiores, e o mais barulhento movimento musical do país. Totalmente sincrético e inovador, sua atuação quebrou as rígidas barreiras tradicionais e conservadoras que existiam no país.

Liderados por Caetano Veloso e Gilberto Gil, também formaram o coletivo a cantora Gal Costa, o cantor-compositor Tom Zé, a banda Mutantes e o maestro Rogério Duprat. Também colaboraram a cantora Nara Leão, os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto, e o poeta Rogério Duarte, um de seus principais mentores intelectuais.

Seu evidente intuito liberalista refletiu nos jovens da época: surgiu a chamada geração hippie, com o vestuário e a ideologia inspirada na Tropicália.

Com os ideais muito a frente de sua época, o movimento marcou para sempre a cultura nacional. Transformou os critérios de gosto vigentes quanto à música, política, moral, comportamento, sexo e vestuário.

Meu objetivo nesse vídeo-documentário é frisar todo processo tropicalista em sua parte musical (já que o movimento repercutiu em outras áreas), retratando como ele surgiu até o seu fim, causado pela repressão militar.

terça-feira, 11 de março de 2008

São as águas de março fechando o verão...


O Maestro Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, em 1974, já previa o mundaréu que cai lá fora: São as águas de março fechando o verão...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Vou-me embora pra Pasárgada

Um texto de Paulo Saldiva, chefe do laboratório de poluição da USP, integrante do comitê científico da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard e professor titular de patologia, publicado no site do jornalista Gilberto Dimenstein (www.dimenstein.com.br), revelaram números alarmantes.

Ele e sua equipe da USP diagnosticaram que diariamente em São Paulo a poluição mata 12 pessoas, e causa doenças como pneumonia, asma, otite, em mais 200.

E mais: em 2007 a poluição matou o DOBRO do que os assassinatos.

Pesquisas também mostram que São Paulo tem 11 milhões de habitantes e 6 milhões de automóveis. A cada 24 horas são licenciados 800 carros e 350 pessoas recebem habilitações de trânsito.

São Paulo é a cidade que possui a segunda maior frota de carros do mundo.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo do último domingo (09 de março), o presidente da CET de São Paulo, Roberto Scaringella, disse que o paulistano terá que conviver com congestionamentos maiores e minimizou a capacidade da CET para combater o inevitável. Também disse que “...o horário de pico da manhã pode se aproximar ao da hora de pico da tarde”, “O Brasil nunca produziu tanto veículo. E o trânsito também é resultado da verticalização da cidade, que inunda de carros as ruas. Vivemos um boom imobiliário. O trânsito é conseqüência da atividade econômica...”.

São Paulo é uma cidade mal planejada!

Claro que o problema da poluição é mundial, e a culpa não é só dos veículos, mas, em São Paulo grande parte da culpa se deve aos veículos sim. Não coloquei esses dados acima à toa. Entre todos esses dados há um denominador comum.

Como vimos acima, a poluição em 2007 matou o DOBRO do que os assassinatos, o trânsito está cada vez mais caótico...Claro que a solução mais cabível a isso seria passarmos a usufruir mais do transporte coletivo, mas sei também, que todos irão dizer que o transporte público em São Paulo é deprimente. Concordo! Mas se pararmos pra pensar, muitas vezes usamos o carro desnecessariamente. Locais que poderíamos tranqüilamente ir a pé, de bicicleta (Mais saudável não há!), metrô, ônibus, vamos de carro! Eu sou prosélito da bicicleta e do skate dês de pequeno, vamos colaborar gente!

Isso tudo pode soar como uma mensagem ecochata, mas é nossa realidade.

Ou então, larguemos tudo isso e vamos fazer companhia a Manuel Bandeira, vamos embora pra Pasárgada!

sábado, 8 de março de 2008

Com açucar, Com afeto

Hoje e amanhã (8 e 9 de março), a cantora Fernanda Takai se apresentará no Sesc Pompéia cantando canções de Nara Leão.

Fiquei muito contente com a proposta.

Para quem já começa a ouvir no rádio algumas canções do novo disco da Takai, já dá pra imaginar o que se esperar dessas apresentações, já que, ela disse que quer repetir no show o mesmo clima do disco. Aliás, seu primeiro disco solo (Ela é cantora da banda Pato Fu, pra quem não sabe), que ela deve estar bem orgulhosa, pois o disco foi lançado apenas em dezembro e foi eleito o melhor álbum de música popular de 2007 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Baseando-me apenas pelas músicas que já ouvi do cd, o resultando ficou muito bom. Fernanda Takai conseguiu gravar Nara maravilhosamente bem, misturando o samba e a bossa-nova das canções de Leão com o pop-rock que a consagrou no Pato Fu. Os arranjos, feitos pelo maridão John Ulhos, também Pato Fu, ficaram ótimos. Méritos para eles, pois não é fácil desvincular a imagem de Nara Leão com a Bossa-Nova, nossa musa perene.

quinta-feira, 6 de março de 2008

De volta a Macondo

“Eu só sei que, desde que eu tinha 17 anos e até a manhã de hoje, eu não tenho feito outra coisa além de me levantar cedo todos os dias, sentar-me na frente de um teclado, para encher uma página em branco ou uma tela vazia de computador, com a única missão de escrever uma história ainda não contada por ninguém, que torne mais feliz a vida de um leitor inexistente”.

“pensar que um milhão de pessoas puderam ler algo escrito na solidão de meu quarto, com todo o arsenal de 28 letras do alfabeto e meus dedos, pareceria evidentemente uma loucura”.

Separei esses dois trechos de um texto atribuído a Gabriel García Márquez sobre uma homenagem recebida no 4º Congresso Internacional de Língua Espanhola.

Havia fortes boatos de que, aos 80 anos, o escritor mais famoso da América Latina, com problemas de saúde e um suposto “bloqueio criativo”, não criaria mais nada, para desespero de fãs, como eu, claro.

Segundo ótima reportagem de Daniel Biasetto, que li na DISCUTINDO LITERATURA, devido à série de homenagens que García Márquez recebeu em 2007, pelos 40 anos de CEM ANOS DE SOLIDÃO (Prêmio Nobel, em 1982), Gabriel iniciou 2008 produzindo a todo vapor, sepultando de vez os boatos.

Explico o porquê de meu contentamento: Em 2002, quando publicou VIVER PARA CONTAR, o escritor colombiano divulgou então que iria dividir em três livros suas memórias. O primeiro ( Ótimo!), publicado, conta episódios de sua infância – principalmente o tempo que passou com seus avós maternos e a relação de amor dos seus pais – até 1955. O segundo, que ainda não foi publicado, de 1955 até 1982, narraria até o Prêmio Nobel. O terceiro seria uma série de perfis de personalidades que são ou foram seus amigos.

Mas, em vez de prosseguir com suas memórias, publicou, em 2004, o MEMÓRIAS DE MINHAS PUTAS TRISTES (Altamente recomendável, um dos melhores romances que já li!), me deixando interrupto, salivando!

Agora é esperar.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Viva a nova geração!

Já ouvi de muitos jornalistas que a Internet pode ser uma estrada valiosa para a nova geração. Com o crescimento cada vez maior do universo online e a facilidade de transmitir a informação em tempo real, acredito que se bem utilizada a Internet pode ser um interessante espaço para se fazer um bom jornalismo.

Sou leitor assíduo de muitos blogs e, de tanto adentrar em ótimas páginas, aderi ao movimento. Claro que há aqueles blogs clássicos, de jornalistas pra lá de gabaritados, que recebem milhares de visitas diariamente, páginas de escritores, cronistas e poetas de inteligência inescrutáveis, mas, não foram essas páginas que me tornaram prosélito. Andei visitando blogs de estudantes, assim como eu, de jornalismo, ciências sociais, letras, música, história, dos mais variados lugares. Ao ver esse grupo de feras chegando, todos com idade variando a minha, enchi-me de esperança, e percebi quanta coisa boa tem mas é pouco acessada. Vocês conhecem essa história, não é?Enfim, vou tentar criar mais um endereço de conteúdo legal nestas bandas.(Nós ainda venceremos!)

Não pretendo postar apenas textos de conteúdo jornalístico. Coisas que sou apaixonado, e que julgo interessante, também pintarão por aqui: Música, literatura e, dependendo dos resultados, futebol, claro (Brasil-sil!).É isso.