terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sampa vai parar porque parou


O trânsito de São Paulo está cada vez mais insuportável.
Quando chove, então, vai-se paciência. Chuva, para mim, virou um aviso dos céus: Não saia de casa. Acaterei.
Além do intolerável fato das pessoas perderem muitas horas de seu dia paradas nestes engarrafamentos que já se tornaram um dos símbolos de Sampa, há outros problemas gravíssimos que ressaltarei.
A poluição que os infinitos carros soltam, parados, por horas e horas.
O barulho das buzinas dos moto-boys. Isso é uma coisa que tem que ser observada. Você olha em seu espelho lateral do veículo e vê aquela fila interminável de motos avançando e todos passam buzinado. A poluição sonora disto é tremenda.
A melhoria e extensão do transporte público é a alternativa mais eficaz para que as pessoas deixem de usar seus automóveis.
Caronas. Sempre foram e sempre serão bem-vindas.
Não vejo solução imediata para o trânsito de Sampa.


Aproveito as horas diárias no trânsito ao lado de meu rádio.
Ah, não fosse o rádio!

Está tocando nas rádios as músicas do show de Roberto e Caetano em homenagem a Tom e, obviamente, a bossa nova.
A junção de duas personalidades tão importantes para a música brasileira chega a me emocionar.
Li nos jornais artigos comparando a interpretação dos dois músicos, como se ali estivesse havendo algum tipo de disputa, para ver quem canta mais e melhor.
A imprensa não cansa de me decepcionar.
Quanta bobagem.
Só o fato dos dois estarem dividindo o mesmo palco já é uma coisa extremamente significativa, pois, sobre aquele palco, está grande parte da história de nossa música.
Fã inconteste de ambos, cada qual de seu modo, ouço e delicio-me da junção Roberto/Caetano/Tom. Resultado extraordinário, não poderia deixar de ser.
Aliás, poderia haver um show da dupla novamente, só que desta vez apenas com canções de autoria deles. Lindo deve ser os dois cantando juntos “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, de Roberto e Erasmo, composta em homenagem ao Caetano, quando este encontrava-se exilado, em um mundo tão distante, entende-se, por aí, a cidade de Londres.
Caetano é sem dúvida uma figura ímpar de nossa história. Caetano poeta, compositor, músico, artista. Gênio, incomparável, único e inalcançável.
Se Caetano compusesse hoje “Sampa”, teria a música os mesmos versos?
Sugeriria ao Caetano a inclusão de trânsito na letra.
Ou na introdução da música uns barulhos de buzina. De moto, diga-se.
Claro que não é do direito de ninguém, nem mesmo de Caetano, encostar o dedo em uma obra-prima da música brasileira, canção linda e símbolo maior de Sampa.
Roberto canta muito!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Anos Dourados

Desde pequeno, meu pai sempre comentava para mim:
“A música é muito mais linda.”
Expressava, assim, sua opinião a respeito da música “Anos Dourados”, de Tom e Chico.
Lembro claramente.
Meu pai sempre achou a música de Tom maravilhosa. Gostava da letra do Chico, mas a música lhe emocionava demasiadamente.
Recordo destes momentos porque escutei hoje no rádio “Anos Dourados”, instrumentalmente interpretada por uma orquestra. De arrepiar.
Certa vez, li em um artigo escrito por Chico Buarque que “um acorde do Tom, é como se abrisse uma janela”.
A sensibilidade musical do maestro são daquelas coisas que só o dom mesmo. Reconhecia a espécie de pássaro pelo canto entoado. Para ele, muitas vezes o silêncio sussurrava extremamente alto. Tom sabia os acordes do silêncio.
As músicas de Tom Jobim, na opinião deste blogueiro, são as mais lindas da música popular brasileira.
E quem disse que Tom é apenas compositor de melodias?
O maestro fez letras estupendas, como “Águas de Março”, “Luiza”, “Ana Luisa”, “Lígia”... Podemos considera-lo um poeta de mão cheia. De notas e versos. Afinal, dê que podemos adjetivar “Águas de Março”?
Fico ao lado de meu pai.
A letra de Anos Dourados é linda.
Mas a música de Tom é extraordinária.
Uma de suas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008