segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ela disse que meu idioma soa bem, e eu desconversei para não ficar lisonjeado. Permaneci a dizer bobagens, já que ela nada entenderia. Para ser sincero, nem eu mesmo estava atento ao que eu dizia, minha atenção era toda naquele olhar esverdeado fixo em minha boca, gostando de meu sotaque latino. Escute, direi de forma vagarosa, tente entender ao menos o contexto. Não quero mudar a sua realidade, não planejei estratégia alguma para levar-te comigo ao Brasil. Permaneça aqui e, quando a lembrança desta noite voltar doloridamente à sua memória, você poderá matar a saudade de meu português através de uma fria ligação telefônica. Entendeu algo que eu lhe disse? Eu também me perdi um pouco, tropecei no verde dos seus olhos e caí em cima de minha língua. Vê-los mirando a minha boca me agrada tanto que forço ainda mais o acento, tento falar meu idioma de forma aberta, limpa. Quando a lembrança desta noite voltar doloridamente à minha memória, não poderei saciar minha solidão de maneira alguma, pois nasci em um país que vive longe de seus olhos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver"

Ontem, desinteressadamente, havia dois violões em meu quarto. Hoje não há instrumento algum, e a vontade de bater um sambinha pintou, inesperadamente. Mas variáveis como essa ocorrem amiúde em minha vida, que é pautada por música e norteada pelo samba. Não quero com isso definir-me como sambista, quem dirá? Sou apenas um admirador da arte, salve, salve, saravá!

terça-feira, 10 de março de 2009

Não sei se é realmente bela assim ou somente naquele exato momento em que lhe clicaram fotograficamente é que estava com uma aparência celestial. Bem ou mal, mantive meu pensamento naquela fotografia, considerando, até então, que seria passageira a situação.
Despertei sentindo muita preguiça. Avaliando-a como diária, achei que logo passaria. Levantei-me da cama e a tontura, que normalmente desaparece em segundos, acompanhou-me durante todo o dia. Olhei-me contra o espelho, e a imagem intacta ali permaneceu, mesmo após meu passo adiante.
Como se fosse a queda da cachoeira de São Pedro, estiquei minha mão até a torneira da pia do banheiro e, juntando um punhado de água sobre as palmas de minhas mãos, joguei-a inteiramente em minha face, que molhada ficou até a noite, escorrendo a água matinal e o suor cotidiano. Mastiguei meu desjejum e permaneci ruminando, caminhei meu percurso e andei e andei sem destino, retornei para casa de onde aparentemente não havia saído.
São 12 horas da noite, a preguiça toma conta de mim e sua foto não me sai da cabeça.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

José Geraldo Juste




Neste último sábado, dia 10 de janeiro, no bem organizado Centro Cultural São Paulo (CCSP), assisti ao show de Zé Geraldo, o mineiro que, entre outros grandes sucessos, é o autor da inteligentíssima “Cidadão”.

Zé Geraldo incluiu no seu repertório canções conhecidas de seu público como “Milho Aos Pombos”, “Na Barra Do Seu Vestido”, "Mr. Tambourine Man", “Meiga Senhorita” e a inesquecível “Cidadão”, canção que já foi regravada por grandes nomes de nossa música, como Zé Ramalho e Sílvio Brito. Esta canção, aliás, projetou o mineiro de Governador Valadares.

A simplicidade com que Zé Geraldo apresenta-se no palco chama muito a atenção. Sobre o palco, parece que Zé toca aos amigos, em sua casa. Trata todos da platéia como amigos. Chegou inclusive a brincar com crianças que rodeavam o palco, até mesmo dando a oportunidade de uma delas soltar a voz em seu microfone, coisa que ele faz com uma naturalidade notável, preenchendo os espaços do auditório com sua voz bonita e rouca.

Se as músicas de Zé Geraldo evidentemente não beiram o brilhantismo (talvez não por falta de inspiração e sim por capacidade técnica), o mesmo não pode ser dito de suas letras contagiantes e bem elaboradas. Pelas ótimas letras que suas canções possuem, o músico independente Zé Geraldo deixa transparecer a imagem de um sujeito vivido, mambembe e cheio de histórias para contar. Suas letras simples, envolvidas de ótimas idéias dentro do contexto das histórias, emocionam seus fãs e admiradores da música nacional.

Durante o show, Zé Geraldo declarou que sua maior influência na música foi o norte-americando Bob Dylan.Vi mais de três pessoas vestindo a camisa de Raul Seixas lá. Realmente Zé tem muito de Raul. E de Renato Russo também. A maneira de escrever suas letras, a personalidade rock muito aflorada, ideologia de vida...

Zé Geraldo é um artista brasileiro.