quarta-feira, 10 de março de 2010

O já batido caso Jayson Blair e uma previsão pessimista

O escândalo decorrente das reportagens imaginárias criadas pelo ex-jornalista do periódico americano ''The New York Times'', Jayson Blair, proporcionou um abalo tremendo na credibilidade de um dos veículos que servem como referência jornalística em todo o mundo. Além da evidente gravidade do ocorrido, o caso ganhou uma proporção enorme por se tratar do jornal citado acima, mas vale a pena recordar que estamos atravessando um período crítico do jornalismo mundial, onde o trabalho sério e bem executado anda cada vez mais escasso.

Diariamente sofremos um verdadeiro bombardeio de informações, que nos chegam de diversas formas e em formatos variados. Com a expansão cada vez maior da internet, o meio informativo, que já era movimentado, sofreu ameaças e se viu obrigado a aceitar e se readaptar as novas tendências globais. A qualidade da informação, e isso entende-se por um processo de apuração aprofundado da notícia, a consulta das fontes, ouvir todos os lados possíveis da história, etc, foi rebaixado a segundo plano e viu o primeiro posto ser ocupado pela preocupação com o imediatismo, a disputa em dar a notícia primeiro que o concorrente. Isso resultou em uma queda tremenda na qualidade do jornalismo contemporâneo. As notícias vão ao ar ainda cruas e pode-se considerar que os princípios básicos do jornalismo deram lugar a preocupação com as empresas de comunicação, ou seja, o lado ético e profissional perdeu espaço para o lado comercial.

O caso de Jayson Blair é um marco e é tratado como um símbolo negativo na história da comunicação, sempre voltamos ao tema em aulas e palestras sobre a ética. Sem deixar de levar em conta a gravidade deste caso, não posso me furtar a comentar que todos os meses ocorrem erros de também enorme gravidade na mídia nacional e internacional. E, infelizmente, levando em consideração o cenário descrito no parágrafo anterior, prevejo que não tão cedo deixaremos de ler, escutar e assistir as notícias que nos chegam com os dois pés atrás.

Yoani Sánchez: Ninguém vai me censurar

A aversão aos líderes ditatoriais de seu país e, consequentemente, às decisões e modo com que os irmãos Castro governam o estado, fez com que Yoani Sánchez expressasse todo o seu repúdio, com uma pitada de humor, através de um blog que ganhou projeção e reconhecimento internacional. Os textos pungentes e reflexivos de Yoani representam não somente uma manifestação opositora ao regime centralizador de Raúl e Fidel Castro, mas também, sob o ponto de vista jornalístico, o fato merece ser analisado de uma forma mais ampla.

Enquanto o conteúdo da página de Yoani Sánchez (www.desdecuba.com/generaciony) engrossa as vozes daqueles que reivindicam o direito de ir e vir em seu próprio país, o meio com que Yoani encontrou para se manifestar burlou a censura, abrindo uma janela em Cuba. Seus textos foram lidos por pessoas de diversas nacionalidades em inúmeros país distintos e, graças ao trabalho em seu blog, ao mesmo tempo em que prêmios lhe foram concebidos, o imediato conhecimento dos governantes do país lhe rendeu até um (longo) prefácio de Fidel Castro em um livro, o que significa que sua página recebe visitas ilustres e seus posts atingem de maneira direta os principais alvos de suas palavras.

O que não podemos deixar de ressaltar é que, além dos méritos que devemos atribuir à Yoani pela exemplar iniciativa, o veículo do qual ela se beneficiou para alcançar toda essa projeção midiática foi um blog, deixando, com isso, explícita a força que a blogsfera possui hoje em dia. Ainda que isso já fosse evidente, pois todos nós acessamos blogs diariamente e há inúmeros casos de furos jornalísticos que ganharam a imprensa através desses portais, o caso de Yoani Sánchez pode ser encarado como a consolidação definitiva dos blogs entre os principais veículos de comunicação existentes nos dias de hoje e até onde as palavras postadas podem chegar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ela disse que meu idioma soa bem, e eu desconversei para não ficar lisonjeado. Permaneci a dizer bobagens, já que ela nada entenderia. Para ser sincero, nem eu mesmo estava atento ao que eu dizia, minha atenção era toda naquele olhar esverdeado fixo em minha boca, gostando de meu sotaque latino. Escute, direi de forma vagarosa, tente entender ao menos o contexto. Não quero mudar a sua realidade, não planejei estratégia alguma para levar-te comigo ao Brasil. Permaneça aqui e, quando a lembrança desta noite voltar doloridamente à sua memória, você poderá matar a saudade de meu português através de uma fria ligação telefônica. Entendeu algo que eu lhe disse? Eu também me perdi um pouco, tropecei no verde dos seus olhos e caí em cima de minha língua. Vê-los mirando a minha boca me agrada tanto que forço ainda mais o acento, tento falar meu idioma de forma aberta, limpa. Quando a lembrança desta noite voltar doloridamente à minha memória, não poderei saciar minha solidão de maneira alguma, pois nasci em um país que vive longe de seus olhos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver"

Ontem, desinteressadamente, havia dois violões em meu quarto. Hoje não há instrumento algum, e a vontade de bater um sambinha pintou, inesperadamente. Mas variáveis como essa ocorrem amiúde em minha vida, que é pautada por música e norteada pelo samba. Não quero com isso definir-me como sambista, quem dirá? Sou apenas um admirador da arte, salve, salve, saravá!

terça-feira, 10 de março de 2009

Não sei se é realmente bela assim ou somente naquele exato momento em que lhe clicaram fotograficamente é que estava com uma aparência celestial. Bem ou mal, mantive meu pensamento naquela fotografia, considerando, até então, que seria passageira a situação.
Despertei sentindo muita preguiça. Avaliando-a como diária, achei que logo passaria. Levantei-me da cama e a tontura, que normalmente desaparece em segundos, acompanhou-me durante todo o dia. Olhei-me contra o espelho, e a imagem intacta ali permaneceu, mesmo após meu passo adiante.
Como se fosse a queda da cachoeira de São Pedro, estiquei minha mão até a torneira da pia do banheiro e, juntando um punhado de água sobre as palmas de minhas mãos, joguei-a inteiramente em minha face, que molhada ficou até a noite, escorrendo a água matinal e o suor cotidiano. Mastiguei meu desjejum e permaneci ruminando, caminhei meu percurso e andei e andei sem destino, retornei para casa de onde aparentemente não havia saído.
São 12 horas da noite, a preguiça toma conta de mim e sua foto não me sai da cabeça.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

José Geraldo Juste




Neste último sábado, dia 10 de janeiro, no bem organizado Centro Cultural São Paulo (CCSP), assisti ao show de Zé Geraldo, o mineiro que, entre outros grandes sucessos, é o autor da inteligentíssima “Cidadão”.

Zé Geraldo incluiu no seu repertório canções conhecidas de seu público como “Milho Aos Pombos”, “Na Barra Do Seu Vestido”, "Mr. Tambourine Man", “Meiga Senhorita” e a inesquecível “Cidadão”, canção que já foi regravada por grandes nomes de nossa música, como Zé Ramalho e Sílvio Brito. Esta canção, aliás, projetou o mineiro de Governador Valadares.

A simplicidade com que Zé Geraldo apresenta-se no palco chama muito a atenção. Sobre o palco, parece que Zé toca aos amigos, em sua casa. Trata todos da platéia como amigos. Chegou inclusive a brincar com crianças que rodeavam o palco, até mesmo dando a oportunidade de uma delas soltar a voz em seu microfone, coisa que ele faz com uma naturalidade notável, preenchendo os espaços do auditório com sua voz bonita e rouca.

Se as músicas de Zé Geraldo evidentemente não beiram o brilhantismo (talvez não por falta de inspiração e sim por capacidade técnica), o mesmo não pode ser dito de suas letras contagiantes e bem elaboradas. Pelas ótimas letras que suas canções possuem, o músico independente Zé Geraldo deixa transparecer a imagem de um sujeito vivido, mambembe e cheio de histórias para contar. Suas letras simples, envolvidas de ótimas idéias dentro do contexto das histórias, emocionam seus fãs e admiradores da música nacional.

Durante o show, Zé Geraldo declarou que sua maior influência na música foi o norte-americando Bob Dylan.Vi mais de três pessoas vestindo a camisa de Raul Seixas lá. Realmente Zé tem muito de Raul. E de Renato Russo também. A maneira de escrever suas letras, a personalidade rock muito aflorada, ideologia de vida...

Zé Geraldo é um artista brasileiro.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sampa vai parar porque parou


O trânsito de São Paulo está cada vez mais insuportável.
Quando chove, então, vai-se paciência. Chuva, para mim, virou um aviso dos céus: Não saia de casa. Acaterei.
Além do intolerável fato das pessoas perderem muitas horas de seu dia paradas nestes engarrafamentos que já se tornaram um dos símbolos de Sampa, há outros problemas gravíssimos que ressaltarei.
A poluição que os infinitos carros soltam, parados, por horas e horas.
O barulho das buzinas dos moto-boys. Isso é uma coisa que tem que ser observada. Você olha em seu espelho lateral do veículo e vê aquela fila interminável de motos avançando e todos passam buzinado. A poluição sonora disto é tremenda.
A melhoria e extensão do transporte público é a alternativa mais eficaz para que as pessoas deixem de usar seus automóveis.
Caronas. Sempre foram e sempre serão bem-vindas.
Não vejo solução imediata para o trânsito de Sampa.


Aproveito as horas diárias no trânsito ao lado de meu rádio.
Ah, não fosse o rádio!

Está tocando nas rádios as músicas do show de Roberto e Caetano em homenagem a Tom e, obviamente, a bossa nova.
A junção de duas personalidades tão importantes para a música brasileira chega a me emocionar.
Li nos jornais artigos comparando a interpretação dos dois músicos, como se ali estivesse havendo algum tipo de disputa, para ver quem canta mais e melhor.
A imprensa não cansa de me decepcionar.
Quanta bobagem.
Só o fato dos dois estarem dividindo o mesmo palco já é uma coisa extremamente significativa, pois, sobre aquele palco, está grande parte da história de nossa música.
Fã inconteste de ambos, cada qual de seu modo, ouço e delicio-me da junção Roberto/Caetano/Tom. Resultado extraordinário, não poderia deixar de ser.
Aliás, poderia haver um show da dupla novamente, só que desta vez apenas com canções de autoria deles. Lindo deve ser os dois cantando juntos “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, de Roberto e Erasmo, composta em homenagem ao Caetano, quando este encontrava-se exilado, em um mundo tão distante, entende-se, por aí, a cidade de Londres.
Caetano é sem dúvida uma figura ímpar de nossa história. Caetano poeta, compositor, músico, artista. Gênio, incomparável, único e inalcançável.
Se Caetano compusesse hoje “Sampa”, teria a música os mesmos versos?
Sugeriria ao Caetano a inclusão de trânsito na letra.
Ou na introdução da música uns barulhos de buzina. De moto, diga-se.
Claro que não é do direito de ninguém, nem mesmo de Caetano, encostar o dedo em uma obra-prima da música brasileira, canção linda e símbolo maior de Sampa.
Roberto canta muito!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Anos Dourados

Desde pequeno, meu pai sempre comentava para mim:
“A música é muito mais linda.”
Expressava, assim, sua opinião a respeito da música “Anos Dourados”, de Tom e Chico.
Lembro claramente.
Meu pai sempre achou a música de Tom maravilhosa. Gostava da letra do Chico, mas a música lhe emocionava demasiadamente.
Recordo destes momentos porque escutei hoje no rádio “Anos Dourados”, instrumentalmente interpretada por uma orquestra. De arrepiar.
Certa vez, li em um artigo escrito por Chico Buarque que “um acorde do Tom, é como se abrisse uma janela”.
A sensibilidade musical do maestro são daquelas coisas que só o dom mesmo. Reconhecia a espécie de pássaro pelo canto entoado. Para ele, muitas vezes o silêncio sussurrava extremamente alto. Tom sabia os acordes do silêncio.
As músicas de Tom Jobim, na opinião deste blogueiro, são as mais lindas da música popular brasileira.
E quem disse que Tom é apenas compositor de melodias?
O maestro fez letras estupendas, como “Águas de Março”, “Luiza”, “Ana Luisa”, “Lígia”... Podemos considera-lo um poeta de mão cheia. De notas e versos. Afinal, dê que podemos adjetivar “Águas de Março”?
Fico ao lado de meu pai.
A letra de Anos Dourados é linda.
Mas a música de Tom é extraordinária.
Uma de suas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

domingo, 30 de novembro de 2008

A vi usando chapéu.
Devido a isso, pensei, ela chamou minha atenção.
Mesmo tendo um rosto limpo, cabelos lisos e movimentação contagiante na nossa área comum.
Mas ela tirou o chapéu.
E o rosto dela tornou-se ainda mais limpo, seus cabelos ganharam mais linhas e sua movimentação acabou por atrair ainda mais minha atenção.
Aquele chapéu fazia era esconder sua graça.
Após tira-lo, pude ver que realmente era bonita.





Falando em coisa bonita e cheia de graça, ontem, dia 29, a TV Globo passou mais um ótimo programa em péssimo horário, o Som Brasil.
O homenageado da vez foi o nosso saudoso Antonio Carlos Brasileiro Jobim. O Tom Jobim. Ou simplesmente Tomzinho, como Vinicius se referia ao maestro.
Depois escrevo um texto aqui falando apenas de Tom.
A respeito do programa, não posso comentar.
Por que?
Se manifeste quem suporta esperar um programa que inicia após o término do programa de Jô Soares.
Assistirei assim como o Som Brasil de Djavan, Gonzaguinha, Vinicius e Noel, gravados pelo querido Victor.
O horário bom da Globo passa novelas.