quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ariel e o mundo capitalista


Logo após a quinta tentativa, Ariel pensou em desistir. Foi quando ouviu, de uma amiga, as seguintes palavras:

- Não agora, Ariel! Todas estas tentativas frustradas, não são de todo perdido. Você está adquirindo base para, sempre, a sua próxima ser melhor que a anterior. Uma hora você vai conseguir, acredite!

Ariel não lhe deu muito ouvido. Frases de incentivo, nesta altura, já não lhe serviam para muita coisa.
A verdade, é que ele estava cansado do mundo. Suas tentativas frustradas de arrumar um emprego, só reforçavam, ainda mais, as idéias que, gradativamente, ganhavam força em sua cabeça.
Ariel não agüentava mais essa sociedade hipercapitalista, na qual todos nós somos manipulados, durante todo o tempo. Assim que engrenasse em um emprego, seria mais um dentro do jogo.
Essa sociedade em que o consumismo predomina, para Ariel, está fadada ao fracasso. Em sua imaginação, já pensava no dia em que, no ritmo frenético em busca do capital, as pessoas, inconscientemente, se autodestruirão.
Os ideais coletivos são utópicos. Ariel considera que, as leis, fazem parte do espetáculo. E, hoje, o que predomina é o individualismo constante, deixando de lado, valores fundamentais para se viver em sociedade, como a cidadania.
Ariel queria sair dessa escrita. Ele não queria ser mais uma mercadoria dentro do mundo capitalista. Não queria, ser reduzido a forma de um objeto, como todos os outros.
O pensamento de desistência de Ariel, não era tanto pelas desestimulantes cinco tentativas de trabalho que procurara, pois ele, um jovem recém-formado, teria totais condições de, em um futuro próximo, encontrar seu espaço no universo profissional.
Na verdade, seu desânimo e pensamento de desistência, eram por essas idéias que amadureciam, cada dia mais e mais.
Desolado, Ariel respondeu à sua amiga:

- E esta base, de que me servirá? Para eu adentrar ao jogo capitalista? Ser mais um fantoche da sociedade? Sinceramente, não estudei para isso!

E lá, por toda rua, se foi Ariel. Cabisbaixo, caminhando... Caminhando, devagar e pensativo. Levava, apenas, os seus livros.

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