quinta-feira, 6 de março de 2008

De volta a Macondo

“Eu só sei que, desde que eu tinha 17 anos e até a manhã de hoje, eu não tenho feito outra coisa além de me levantar cedo todos os dias, sentar-me na frente de um teclado, para encher uma página em branco ou uma tela vazia de computador, com a única missão de escrever uma história ainda não contada por ninguém, que torne mais feliz a vida de um leitor inexistente”.

“pensar que um milhão de pessoas puderam ler algo escrito na solidão de meu quarto, com todo o arsenal de 28 letras do alfabeto e meus dedos, pareceria evidentemente uma loucura”.

Separei esses dois trechos de um texto atribuído a Gabriel García Márquez sobre uma homenagem recebida no 4º Congresso Internacional de Língua Espanhola.

Havia fortes boatos de que, aos 80 anos, o escritor mais famoso da América Latina, com problemas de saúde e um suposto “bloqueio criativo”, não criaria mais nada, para desespero de fãs, como eu, claro.

Segundo ótima reportagem de Daniel Biasetto, que li na DISCUTINDO LITERATURA, devido à série de homenagens que García Márquez recebeu em 2007, pelos 40 anos de CEM ANOS DE SOLIDÃO (Prêmio Nobel, em 1982), Gabriel iniciou 2008 produzindo a todo vapor, sepultando de vez os boatos.

Explico o porquê de meu contentamento: Em 2002, quando publicou VIVER PARA CONTAR, o escritor colombiano divulgou então que iria dividir em três livros suas memórias. O primeiro ( Ótimo!), publicado, conta episódios de sua infância – principalmente o tempo que passou com seus avós maternos e a relação de amor dos seus pais – até 1955. O segundo, que ainda não foi publicado, de 1955 até 1982, narraria até o Prêmio Nobel. O terceiro seria uma série de perfis de personalidades que são ou foram seus amigos.

Mas, em vez de prosseguir com suas memórias, publicou, em 2004, o MEMÓRIAS DE MINHAS PUTAS TRISTES (Altamente recomendável, um dos melhores romances que já li!), me deixando interrupto, salivando!

Agora é esperar.

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