terça-feira, 25 de março de 2008

Referencial Teórico/ Trecho

Caetano Veloso, em seu livro Verdade Tropical, explica como o “movimento” que surgia até então, foi intitulado de “Tropicália”. Segue o trecho:

“Num almoço na casa de não sei quem em São Paulo, ao qual suponho que Mário Shemberg compareceu, me pediram que cantasse algumas das músicas que eu estava gravando. Luís Carlos Barreto, um fotógrafo jornalístico que tinha se tornado produtor de cinema depois de magníficos trabalhos como diretor de fotografia (...), impressionou-se com essa canção (o que era perfeitamente coerente) e, ao ser informado de que ela não tinha título, sugeriu “Tropicália”, por causa, dizia ele, das afinidades com o trabalho de mesmo nome apresentado por um artista plástico carioca, uma instalação (na época ainda não se usava o termo, mas é o que era) que consistia num labirinto ou mero caracol de paredes de madeira, com areia no chão para ser pisada sem sapatos, um caminho enroscado, ladeado de plantas tropicais, indo dar, no fim, num aparelho de televisão ligado, exibindo a progamação normal. O nome do artista era Hélio Oiticica (...) Eu naturalmente disse que não, que não poria o nome da obra de outra pessoa na minha música, que essa pessoa poderia não gostar. O que eu não disse, é que esse nome de “Tropicália” não me agradara muito, embora a descrição que ele dera da instalação me atraísse. “Tropicália” parecia reduzir o que eu entendia de minha canção a uma reles localização geográfica. Palavra era pregnante, contudo, e nós não a esquecemos. Guilherme Araújo (empresário de marketing dos tropicalistas) gostou. Manuel Barembein, a quem eu caí na asneira de contar a sugestão feita por Barreto, agarrou-se a esse nome e, para todos os efeitos, enquanto eu não encontrasse um nome melhor, a canção se chamava “Tropicália”. Nas caixas de fitas, nas fichas de gravação, nas conversas, o nome Tropicália se impôs. O único outro título que me tinha –“Mistura Fina”- era evidentemente insatisfatório. (...) Como eu não achasse nunca um outro melhor e o disco já estivesse pronto, Tropicália ficou e oficializou-se.”

Um comentário:

Fernanda Carlone disse...

Oi, obrigada pelo comentário no meu blog sobre a Bossa Nova...
Gostei muito do seu também!

Beijinhoooos